Contas públicas de Cabo Verde com défice de 4,7 ME até fevereiro
De acordo com o documento do Ministério das Finanças, este desempenho – que se segue ao excedente histórico em janeiro, de 159 milhões de escudos (1,4 milhões de euros) - foi influenciado pelo aumento de 29,2% nas receitas totais, face ao mesmo período de 2022, apesar das despesas também terem subido, neste caso 12,1%.
O défice registado nos primeiros dois meses do ano, equivalente a 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) esperado para este ano, compara com o saldo negativo em 1.525 milhões de escudos (13,7 milhões de euros) no mesmo período de 2022, então equivalente a 0,7% do PIB estimado.
As contas públicas de Cabo Verde registaram um défice de 9.677 milhões de escudos (88 milhões de euros) no final de 2022, equivalente a 4,2% do PIB estimado, abaixo do esperado pelo Governo, segundo dados oficiais noticiados anteriormente pela Lusa.
De acordo com o relatório provisório das contas do Estado de janeiro a dezembro, do Ministério das Finanças, ainda foi condicionado pelas consequências económicas da pandemia de covid-19, mas com as receitas da administração central a subirem 17,5% face ao ano de 2021, bem como as despesas totais, neste caso em 6,6%.
O défice equivalente a 4,2% do PIB de janeiro a dezembro do ano passado compara com o saldo negativo superior a 14.371 milhões de escudos (130,6 milhões de euros) no final de 2021, então equivalente a 7,3% do PIB estimado.
“A melhoria nos saldos, comparativamente ao mesmo período de 2021, decorre do aumento das receitas em mais de 7.892,6 milhões de escudos [71,7 milhões de euros], em face à receita arrecadada em 2021, justificado essencialmente pela retoma da atividade económica e pelo aumento dos preços, bem como pela reprogramação do lado da despesa em resposta ao impacto da crise provocada pela guerra na Ucrânia e algum efeito da variação do câmbio”, referia-se no documento.
Cabo Verde recupera de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – setor que garante 25% do PIB do arquipélago – desde março de 2020.
Com alguma retoma da procura turística, o país cresceu 7% em 2021, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística. Entretanto, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, o Governo cabo-verdiano reviu de 6% para 4% a perspetiva de crescimento económico em 2022. Contudo, já no final de outubro, voltou a rever essa previsão, para pelo menos 8% de crescimento e já em dezembro para mais de 10%.
Cabo Verde inverteu em 2020 – défice de 9,1% do PIB - a tendência decrescente dos seis anos anteriores, de diminuição do défice das contas públicas, segundo dados anteriores do banco central.
Nos últimos 10 anos, o saldo das contas públicas (anual) de Cabo Verde foi sempre deficitário, com picos em 2012 (-10,3% do PIB) e 2013 (-9,3% do PIB), descendo até ao mínimo de -1,8% do PIB em 2019, antes da crise provocada pela pandemia.
As contas públicas de Cabo Verde registaram um défice superior a 14.371 milhões de escudos (130,6 milhões de euros) em 2021, equivalente a 8,1% do PIB estimado, mas abaixo do inicialmente previsto, segundo dados anteriores do Ministério das Finanças.
Esse défice compara ainda com o de 8,9% no mesmo período de 2020, de acordo com a mesma fonte.
A Semana com Lusa