Morreu o combatente da liberdade Djunga de Biluca

A fazer fé nas informações recolhidas por este jornal, a morte de Djunga de Biluca foi acolhida com muita consternação no país e na diáspora, principalmente em Holanda onde viveu a maior parte da sua vida, granjeou muita simpatia e respeito no meio da comunidade cabo-verdiana radicada neste país europeu.

«A Associação dos Combatentes da Liberdade da Pátria (ACOLP) exprime a sua mais profunda consternação pelo falecimento, aos noventa e quatro anos de idade, na cidade de Roterdão, de João Silva, mais conhecido por Djunga de Biluca, combatente da primeira hora, que teve um papel destacado na luta de libertação nacional, na promoção da cultura cabo-verdiana, na defesa e apoio dos imigrantes cabo-verdianos naquele país e no resto da Europa, uma figura incontornável dessa comunidade, por cuja afirmação e dignificação ele nunca se cansou de lutar», destaca o comunicado da ACOLP.

Segundo descreve a mesma fonte, a vida de Djunga de Biluca foi um exemplo de tenacidade, trabalho e dedicação que o levou a enfrentar com êxito as múltiplas dificuldades que se colocavam aos cabo-verdianos em luta pela sobrevivência e conquista da dignidade humana. Destaca que emigrou desde muito jovem, cruzou muitos mares e destinos e acabou por se fixar em Roterdão, na Holanda, onde se tornou um dos fundadores – certamente o mais destacado – da emigração cabo-verdiana nesse país.

Patriota, ativista social e cultural

«Nesse seu longo percurso, ele assumiu papéis proeminentes em diversas atividades, como trabalhador emigrante, oficial da marinha mercante, empresário, ativista social, cultural e político, destacando-se pelo apoio solidário prestado aos cada vez mais numerosos novos membros da nossa comunidade, na fundação da Associação Cabo-Verdiana, na edição do influente jornal comunitário Nôs Vida, na criação da primeira editora musical cabo-verdiana ’Morabeza Records’, na dinamização do inesquecível conjunto musical ’Voz de Cabo Verde’, como compositor e autor musical, na sua ação patriótica em prol da independência, mobilizando os seus compatriotas e, ao mesmo tempo, conseguindo apoios decisivos de organizações sociais e políticas holandesas a favor da luta pela independência nacional, tendo sido designado por Amílcar Cabral, com quem teve vários encontros, como representante do PAIGC na Holanda», lê-se no comunicado.

Este indica que, com o advento da independência nacional, Djunga de Biluca deixou a atividade empresarial para se entregar às tarefas da construção do novo Estado de Cabo Verde que nascia em meio de enormes dificuldades e incertezas. Ele tornou-se, prossegue ACOLP, o primeiro Cônsul-Geral de Cabo Verde na Holanda, funções que desempenhou com elevado mérito, tendo conseguido não só mobilizar com muito êxito a nossa comunidade para ajudar a lançar os alicerces do novo Cabo Verde, como dar início a uma cooperação muito significativa e frutuosa do Estado holandês com o nosso país.

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