Petróleo russo transferido entre navios em águas cabo-verdianas

A posição surge depois da divulgação, esta semana, de uma reportagem da agência Bloomberg dando conta de novas rotas e métodos utilizados por navios para entregar petróleo russo, contornado sanções internacionais devido à invasão da Ucrânia pela Rússia, incluindo a transferência de combustível entre navios a norte do arquipélago de Cabo Verde.

A mais recente operação de transferência de petróleo russo, de 730.000 barris, terá ocorrido em 15 de abril e demorou 35 horas a concluir, do navio “Volans” para o superpetroleiro “Scorpius”, mas o primeiro-ministro de Cabo Verde, além de referir que está em curso uma investigação, sublinhou a dificuldade de controlar uma área marítima maior do que o território de França, sem meios para o efeito.

Para cobrirmos e fiscalizarmos toda essa zona exige meios que o país não tem totalmente disponível, mas nós temos parcerias, temos informações para podermos acionar os mecanismos quando forem necessários”, afirmou o chefe do Governo cabo-verdiano.

Com uma superfície de 4.033 quilómetros quadrados (km2), o arquipélago de Cabo Verde está espalhado por uma área de aproximadamente 87 milhas (140 km) de raio, com cerca de 1.000 km de costa e uma área marítima de responsabilidade nacional de 734.265 km2, que inclui as águas arquipelágicas, o mar territorial, a zona contígua e a Zona Económica Exclusiva.

Segundo dados das Forças Armadas cabo-verdianas, o navio-patrulha "Guardião" é o mais importante da frota da Guarda Costeira de Cabo Verde e tem vindo a sofrer várias intervenções nos últimos anos, estando inoperacional há vários meses. O navio, de 51 metros de comprimento, foi construído nos estaleiros navais da Damen, Países Baixos, em 2011.

A frota integra ainda o NP "Vigilante", de 52 metros e construído na Alemanha em 1971, o NP "Tainha", de 26 metros e construído na China em 1998, o NP "Espadarte", construído nos Estados Unidos da América em 1993, tal como o NP "Rei", de 2009 e com 13 metros.

A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, 8.534 civis mortos e 14.370 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais. A Semana com Lusa / Foto navio russo Pegas (arquivo Voa)

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