Hotéis superlotados com a Festa da Bandeira e do Dia do Município

Conforme operadores económicos ouvidos por este jornal, normalmente nesta época festiva as unidades hoteleiras aumentam significativamente a sua taxa de ocupação.

Para Augusto Gomes, rececionista do Hotel Xaguate, comparado com o mesmo período do ano passado, 2023 está sendo muito melhor. “Até aqui parece bem mais alta a taxa de ocupação no Hotel Xaguate do que no ano passado, visto que reabrimos o nosso restaurante e o nosso bar, que permaneceram bastante tempo fechados. Estamos a ter muita procura de quartos, estando a taxa de ocupação bastante alta, por volta dos 80%”, precisa o rececionista.

Já no Ocean View/Restaurante Sea Food, revela Keven Barbosa, da administração deste estabelecimento, este ano a taxa de ocupação não chega a 100%. “No ano passado, as reservas no hotel foram feitas antecipadamente e não havia mais espaço para atender mais pedidos. Ou seja, nessa ocasião o hotel estava cheio e com 50% da hospedagem já pago. Este ano, no mesmo período, ou seja, até 19/20 de abril, dos 47 quartos disponíveis, apenas 20 estavam ocupados. Podem, no entanto, ocorrer reservas de última hora. Mas, mesmo assim, acho difícil todos os quartos ficarem ocupados”, explica Keven.

Os diferentes gerentes dos empreendimentos hoteleiros locais, admitem que as irregularidades nas ligações marítimas e aéreas entre Praia, Fogo e Brava (por si só já reduzidas) poderão estar na origem dessa situação. Analisam que, mesmo com o recente aumento de voos na rota Praia/Fogo (dois por dia), a capacidade de resposta da companhia BestFly está muito longe de satisfazer a demanda de momento. Criticam que mesmo aqueles que optam pela via marítima chegam, muitas vezes, ao Fogo com atrasos de horas ou muitos dias depois. Tudo devido à suspensão ou ao cancelamento sistemático das viagens pela CV Interilhas, sobretudo por causa de avarias nos navios e da desorganização da empresa.

Higino Montrond, gerente do Hotel Santos Pina, exemplifica que este hotel aceitou reservas que depois foram canceladas por causa de falta de transportes.

Opinião corroborada por Keven Barbosa, do Hotel Ocean View: “As pessoas estão com medo de vir, por causa da instabilidade nos transportes. Tudo isso dificulta a participação de pessoas nas festas de São Filipe. Mas temos a esperança de que a situação melhore um pouco a partir de 20 de abril”.

Augusto Gomes, do Hotel Xaguate, realça, por seu turno, que a Festa de São Filipe é uma das maiores que se celebra em Cabo Verde, com exceção feita à festa de “Banderona”, que se festeja durante mais de uma semana em fevereiro de cada ano, na localidade de Campanas de Baixo, também no Fogo.

Gomes sublinha, no entanto, que a celebração deste ano tem um gosto especial, por causa das transformações profundas que a cidade de São Filipe está a sofrer, nomeadamente com a asfaltagem de vias e arruamentos, a requalificação profunda da Praça do Presídio, onde vão decorrer os tradicionais bailes de conjuntos e outros espetáculos.

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