São Vicente: Museu do Mar com três vezes mais visitas de estrangeiros do que de nacionais – directora
O Museu do Mar, no Mindelo, regista neste momento três vezes mais
visitas de estrangeiros do que nacionais e por isso o Instituto do
Património Cultural (IPC) está a adpotar medidas para atrair mais
cabo-verdianos.
A informação foi avançada pela directora dos Museus, Aleida Aguiar, em entrevista à Inforpress, a propósito do Dia Mundial dos Museus, assinalado hoje.
Conforme a mesma fonte, o Museu do Mar não foge à regra da maioria dos espaços museológicos de Cabo Verde, que são visitados mais por turistas, e, neste caso, “três vezes mais” e em maior número depois da reabertura pós-covid e as obras de reabilitação, cuja primeira fase terminou em Janeiro.
Aleida Aguiar assegurou que o espaço tem tido uma “nova dinâmica”, muito por causa da exposição temporária patente “Cabo Verde nas Rotas do Atlântico: Um olhar através da arqueologia”, mas também pelas obras de restauração.
Por outro lado, asseverou, a equipa do museu está a trabalhar na vertente educativa com a aproximação às escolas e universidades, com convites para visitas, mas também idas aos estabelecimentos promovendo palestras e ideias de sensibilização.
Mais ainda, segundo a mesma fonte, foi retomado um trabalho que estava a ser feito antes da pandemia, de contactos com as comunidades piscatórias de São Vicente.
“A ideia é ir às comunidades e fazer uma sensibilização para a questão do mar, para a questão de preservação dos oceanos e também mostrar qual a importância do museu na conservação, dinamização, promoção e divulgação da história de Cabo Verde com o mar, que culturalmente é muito forte”, explicou.
Desta forma, segundo Aleida Aguiar, pretende-se estimular o interesse dos nacionais, que têm uma “fraca cultura” de frequência de museus e ainda reforçar ainda mais a responsabilidade social e comunitária vinculada ao museu.
Quanto a outros projectos em carteira, a responsável apontou o plano de reabilitação do espaço, cuja primeira fase, mais de carácter arquitectónico, foi inaugurada há cerca de quatro meses, e agora a segunda fase que deverá acontecer, segunda mesma fonte, ainda este ano.
As obras serão financiadas pelo Banco Mundial em cerca de 200 mil dólares, abarcando a estrutura e ainda uma requalificação do espaço ao redor.
A planificação do projecto, assegurou, está a ser finalizada e deverá trabalhar numa “nova narrativa”, com uma exposição “mais dinâmica e interactiva”, através da introdução das novas tecnologias e aquários com espécies vivas.
Por agora, o Museu do Mar disponibiliza aos visitantes a exposição “Cabo Verde nas Rotas do Atlântico: Um olhar através da Arqueologia” e tem agendado uma série de actividades para assinalar Dia Mundial dos Museus, tendo como base o lema deste ano “Museus, sustentabilidade e bem-estar”.
Neste sentido, Aleida Aguiar assegurou que o dia de hoje deverá começar com uma sessão de exercícios físicos para os técnicos do museu e população interessada, seguida de uma visita guiada de alguns estudantes e ainda palestras e jogos tradicionais com crianças, todos apelando para preservação e sustentabilidade.
Localizado entre o Mercado de Peixe e a Praia dos Botes, em plena Avenida Marginal, o monumento centenário que acolheu o Museu do Mar foi construído em 1920 pelos portugueses, para ser uma réplica da fortificação original, edificada entre 1514 e 1519, em Lisboa, a conhecida Torre de Belém.
Instalado inicialmente para funcionar como sede da Capitania dos Portos, mais tarde assumiu outras funções, tendo o porão servido para cárcere para os pequenos delitos relacionados com o mar e os anexos como moradia do capitão-mor, que depois receberam os arquivos da capitania.
Na década de 1980 funcionou como sede da empresa Scapa, que era uma empresa pública criada precisamente para apoiar a pesca artesanal, teve um período praticamente sem uso, até ser recuperado em 1997, no âmbito da cooperação entre Portugal e Cabo Verde.
Desde 2015 que o edifício recebe o Museu do Mar.
Inforpress