Centro Irmãos Unidos neste momento com apenas quatro internos e alguns antigos nas ruas
A instituição pertencente à Cáritas, mas actualmente sob a gerência da Câmara Municipal de São Vicente, já existe há cerca de 45 anos, em Chã de Alecrim, zona a norte do Mindelo. Foi reinaugurada a 18 de Janeiro de 2019 para acolher 12 crianças e adolescentes e com o objectivo, segundo os promotores, de ajudar no fenómeno de crianças nas ruas do Mindelo, com tendência de aumento.
A 31 de Julho de 2021 inaugurou-se novos dormitórios, construídos com capacidade para albergar 20 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
Entretanto, agora em 2023, a realidade é bem diferente do prognosticado e somente quatro adolescentes e jovens, todos do sexo masculino, com idade compreendida entre os 16 e 22 anos, residem na instituição, que acolhe os internos em regime semi-fechado.
Pior ainda, como a própria reportagem da Inforpress pôde constatar, é que alguns dos internos, até com menos idade dos actuais residentes, já voltaram às ruas e estão a ser vistos a pedir dinheiro e comida à porta de bares, mini-mercados e outros estabelecimentos comerciais do Mindelo.
A Agência de Notícias de Cabo Verde contactou a directora dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de São Vicente, que não quis pronunciar-se sobre o assunto e remeteu a jornalista à vereadora do Pelouro da Infância, Celeste da Paz, que, por sua vez, encaminhou a questão para o coordenador do centro, Bruno Fortes.
Confrontado com a situação de redução do número de internos, o actual responsável assegurou que não tem muita informação, porque quando assumiu o cargo, há um mês, só encontrou sete adolescentes e jovens, daí, acredita, que as explicações devem ser dadas pelo anterior coordenador.
Bruno Fortes, que só quis falar dos sete colocados sob sua responsabilidade, explicou que três destes foram reintroduzidos nas famílias por já não terem idade para estarem no centro, e também por apresentarem “comportamentos desviantes”.
“Esses três jovens, quando entrei, já tinham entre 21 e 22 anos, e então foi feito um trabalho de base para se juntarem à família e os reenquadrar e também lhes foi dado uma formação em carpintaria naval como possibilidade de ter uma profissão e futuramente ganharem a vida”, explicou Bruno Fortes, adiantando como prova de “sucesso” desta medida é que um destes jovens está neste momento em estágio e a fazer trabalhos de construção de botes.
Contudo, mais um jovem de 22 anos continua na instituição, mas, nesse caso, a permissão ainda está a ser dada, conforme a mesma fonte, por este sofrer de “problemas de esquizofrenia”.