São Vicente/Morte Bebés: Inquérito aponta infecção generalizada como causa das mortes

O anúncio foi feito na manhã de hoje, na Cidade da Praia, pela coordenadora da comissão de inquérito, Yolanda Landim, durante uma comunicação à imprensa sem direito a perguntas dos jornalistas, em que adiantou que foram analisados documentos e processos clínicos, foi feita uma audição dos intervenientes e uma visita ao serviço de neonatologia do hospital.

A comissão conclui que assistência pré-natal foi cumprido, a qualidade e segurança da assistência durante o internamento do ponto de vista técnico e humano das mães e dos recém-nascidos foi’razoavelmente satisfatória’, e que são “recém-nascidos prematuros e prematuros extremos que poderão ter falecido por sepse neonatal tardia”, apontou.

Segundo explicou, “sepsis neonatal tardia” é uma infecção generalizada em recém-nascidos prematuros após 72 horas de vida do bebé.

Yolanda Landim, que é gineco-obstetra do Hospital Universitário Agostinho Neto, avançou que o inquérito constatou que “a grande maioria das gestantes tinha uma gravidez de risco aumentado” para parto pré-termo, e pelos antecedentes foram seguidas nas estruturas primárias de saúde e todas tinham indicação para seguimento na consulta de alto risco para grávidas.

O documento apurou ainda que a assistência às mães no Serviço de Obstetrícia do Hospital Baptista de Sousa respeitou os procedimentos e os protocolos clínicos nacionais, do ponto de vista humano a assistência por parte dos profissionais foi admissível, foi aplicado o protocolo nacional para o manejo das situações de rupturas prematura de membranas e ameaça de parto pré-termo e houve cumprimento no protocolo nacional de tratamento e seguimento dos recém-nascidos prematuros.

Constatou-se uma consciencialização da gravidade da situação pelos profissionais de saúde, o que despoletou uma investigação interna a nível do hospital em articulação com o nível central, para se detetar as inconformidades, possibilitando assim a implementação das ações corretivas que poderiam salvar vidas”, acrescentou.

O inquérito deixa ainda uma série de recomendações, como o reforço das acções de capacitação na área de comunicação, humanização e liderança dos profissionais, elaboração de um plano anual de atualização e supervisão do cumprimento dos protocolos nacionais, promoção da cultura de discussão interna dos óbitos não esperados e dos casos de não conformidade.

Considerou também que se deve promover a integração do psicólogo nas equipas de trabalho, melhorar a articulação e interface entre os serviços de atenção primária, secundária e terciária, a comunicação entre os serviços e os pacientes no sentido de o tornar mais eficaz e eficiente e reforçar o nível dos recursos humanos por forma a melhorar a qualidade na prestação dos cuidados.

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