Condições precedentes” prolongam início de concessão dos aeroportos em Cabo Verde
Ao responder no parlamento ao deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) Démis Lobo Almeida, o ministro do Turismo e Transportes indicou que o contrato contém “condições precedentes” que podem ir até um ano para início da concessão e que são executadas pelas partes.
“Tendo em conta um contrato daquela envergadura, daquela complexidade, entenderam as duas partes que deveríamos prolongar até o período máximo para conseguir ter todas as condições procedentes”, explicou o governante.
“As obrigações contratuais foram verificadas, não há intransparência”, vincou Carlos Santos, no debate sobre o turismo e transportes, na primeira sessão de junho no parlamento cabo-verdiano.
Segundo a comissão que acompanha o processo, a Vinci tem até 18 de julho para cumprir as 21 condições do contrato de concessão para gestão dos aeroportos e aeródromos cabo-verdiano, assinado há um ano com o Estado.
“O primeiro ano do contrato de concessão fica caracterizado pelas diligências levadas a cabo, tanto pelo concedente [Estado], como pela concessionária, para satisfação das Condições Precedentes [CP] previstas no contrato”, lê-se no relatório anual de Acompanhamento do Contrato de Concessão do Serviço Público Aeroportuário de Apoio à Aviação Civil, datado de março.
“Quanto ao período de transição, prorrogado, é preciso ter em conta que a atual prorrogação não será suficiente para o cumprimento de todas as condições precedentes” e sendo assim, “prevê-se a segunda prorrogação prevista no contrato, alargando o prazo de cumprimento das condições precedentes para 18/07/2023”, acrescenta-se.
O vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças de Cabo Verde afirmou em abril que a entrega da gestão dos aeroportos cabo-verdianos à Vinci deverá ficar concluída em breve, para que a empresa comece a operar no segundo semestre deste ano.
O contrato de concessão do serviço público aeroportuário ao grupo Vinci, envolvendo a gestão por 40 anos dos quatro aeroportos internacionais e três aeródromos, foi assinada em 18 de julho do ano passado, mas, até ao momento, o processo ainda não está concluído por causa de questões de financiamento admitiu Olavo Correia, em declarações à Lusa, perante as dúvidas levantadas pela oposição sobre a sua concretização e atrasos.
Trata-se de uma concessão que o Governo cabo-verdiano decidiu atribuir à Vinci Airports por ajuste direto, prevendo para a ANA - Aeroportos de Portugal 30% das participações na sociedade de direito cabo-verdiano criada para assumir este contrato.
Por esta concessão, o Estado cabo-verdiano vai receber 80 milhões de euros e a operadora terá ainda de pagar anualmente uma percentagem das receitas brutas, de 2,5% nos primeiros 20 anos, subindo para até 7% nos últimos 10 anos.