São Vicente: Apesc satisfeita com suspensão do defeso da cavala e chicharro mas defende “olhar mais abrangente” para sector das pescas
O presidente da Associação dos Armadores de Pesca mostrou-se hoje satisfeito com a suspensão do período de defeso da cavala, do chicharro e da melva, mas disse que é preciso um olhar “mais abrangente” para desenvolvimento das pescas.
À Inforpress, João de Deus disse que a suspensão do período de defeso foi um pedido da Associação dos Armadores de Pesca (Apesc) e trata-se de uma “boa medida” tendo em conta que o “aumento brutal” do preço de combustíveis, causado pelos impactos da guerra na Ucrânia, tem sido “muito complicado” para os armadores.
“Mais uma vez pedimos a suspensão do período de defeso destas espécies e eles responderam. Todo o sector das pescas, os armadores e toda classe que vive da actividade extractiva está satisfeita com esta medida porque a situação da pesca não está fácil, cada dia estamos com menos cardumes a entrar na Zona Económica Exclusiva (ZEE) de Cabo Verde e precisamos de ter este tipo de incentivos”, defendeu João de Deus.
Mas, lembrou a mesma fonte, não se pode continuar somente com o Governo a suspender os defesos da cavala, da melava e do chicharro. Para João de Deus já é o momento de ver o sector das pescas com outro olhar.
“E eu tenho chamado a atenção para a remodelação desta frota, do complexo de pesca de São Vicente que o Governo deve investir em energias renováveis para baixar o preço do gelo, tenho chamado atenção que deve haver regulamentação mesmo dos navios nacionais em não pescar nas zonas de pesca, que nós chamamos de bancos de pesca com rede”, enumerou o presidente da Apesc.
Para João de Deus, “é preciso fazer um debate sobre o sector das pescas para discutir, ouvir os armadores, perceber o sector e delinear as estratégias e dar ‘inputs’ ao Governo porque, neste momento, a armação nacional está numa situação um pouco complicada” porque os recursos estão a acabar tendo em conta que os armadores “já não tem captura do atum em Cabo Verde”.
“Nós temos os acordos de pesca que todos nós conhecemos, mas precisamos ter uma Guarda Costeira que defenda a Zona Económica Exclusiva de Cabo Verde. Veja que é inadmissível que o navio Vigilante da Guarda Costeira esteja três anos avariado e nós estamos a perguntar quem fiscaliza a ZEE”, questionou a mesma fonte, acrescentando que o Ministério do Mar tem apoiado o sector mas admite que somente o ministro não consegue resolver todas as situações.
No seu entender é o próprio Governo, através do primeiro-ministro, que tem de vir a São Vicente para organizar um fórum e ouvir as pessoas porque o sector não está bem, principalmente a pesca semi-industrial.
“Existe muito investimento na pesca artesanal, mas no sector que represento que é a pesca semi-industrial temos graves dificuldades, a nível da descarga. Em mais de 40 anos de independência temos só um complexo de pesca neste País que é o de São Vicente. Eu tenho debatido para ter o complexo de pesca do Sal que devia estar a funcionar a bem da armação nacional e que ninguém consegue resolver esta situação”, afirmou.