Estudante cabo-verdiana de Medicina em Lisboa consegue bolsa na Associação Sara Carreira

Em declarações à Inforpress, a jovem estudante de 21 anos e que chegou a Lisboa em 2019, com uma vaga na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, contou que chegou a Portugal sem uma bolsa de estudo, mas que no terceiro ano foi possível conseguir a bolsa para continuar os estudos.

“É uma associação que me dá muitos apoios para seguir a minha faculdade e é uma bolsa de estudo que também conta com um padrinho da associação, uma pessoa da minha área de formação e que fica a acompanhar-me enquanto estou a estudar”, disse, explicando que todos os anos tem de se recandidatar para se ver se ela continua dentro dos critérios para a renovação da bolsa.

A Associação Sara Carreira foi constituída em 02 de Maio de 2021, em memória da malograda cantora, filha do artista português Tony Carreira, falecida a 05 de Dezembro de 2020, para ajudar os jovens com talento em alguma área e que queira seguir o seu percurso académico.

“O anúncio para a candidatura passa todos os anos na televisão e quando soube e tendo em conta o que pediam, achei que adequava à discrição e a personalidade de bolseiros que queriam e por estar em um momento que precisava de uma bolsa de estudo, arisquei e em Setembro de 2022 informaram-me que era uma dos 21 bolseiros da associação.

E este ano, pelo terceiro ano consecutivo, a associação voltou a abrir as inscrições para as bolsas de estudo, desta vez, dez, destinadas a crianças e jovens em situação de carência económica, entre os 12 e os 21 anos, residentes em Portugal e que frequentem o sistema de ensino nacional.

Para a estudante natural da Cidade da Praia, que pouco depois de chegar em Portugal, para a casa de um familiar, meses depois do início das aulas, teve início a pandemia, a integração “tem muito a ver com a personalidade de cada um e a forma como se é recebido”.

“Não tive muito de que me queixar porque consegui uma colega que me ajudou desde o início. Vim para a casa de um familiar, mas não consegui ficar por muito tempo e tive de procurar um quarto para morar. Não tive muito suporte em termos pessoais para integração nos primeiros tempos. Comecei a integrar-me na faculdade quando a pandemia começou a passar e comecei a entrar em contacto com os colegas”, contou Deise que passou todo o confinamento num quarto, sozinha.

A jovem quer continuar no mesmo caminho e aproveitar todas as oportunidades que o trajecto lhe vai proporcionando, como uma experiência de vida e um complemento para quando estiver a exercer a profissão.

“Quero ser médica, gosto que as pessoas cheguem em mim e eu conseguir ser útil num momento difícil da sua vida”, revelou a cabo-verdiana que gostaria de fazer especialidade em cardiologia e medicina intensiva, sabendo que para alcançar os objectivos, “é preciso trabalhar”.

Uma das vencedoras da primeira edição dos Prémios UECL Valorizar o Mérito, criados pela União dos Estudantes Cabo-verdianos em Lisboa, a praiense que não se informou sobre como é Portugal, entende que a “chave para os estudantes que pretendem vir estudar aqui, é informar-se antes e em todos os aspectos”, nomeadamente a cultura e os hábitos de vida deste país europeu.

“O prémio tem dois impactos, ou seja, em quem recebe e nas pessoas ao seu redor. O prémio deu-me muita motivação, porque mostrou-me que estou num bom caminho e para continuar nesse trajecto. É um projecto incrível, uma ideia brilhante da UECL, porque é uma forma também de inspirarmos muitos que vão chegar ou que cá já estão”, frisou.

Os Prémios UECL distinguiram o mérito, potencial e percurso académico dos alunos cabo-verdianos que frequentam o ensino superior, em Lisboa, tendo a cerimónia de atribuição dos galardões acontecido, em Maio, e para além de Deise Jesus, mais três estudantes foram premiados, Rickson Neves (licenciatura), Telma Oliveira (mestrado integrado) e Mónica Lopes (mestrado).

A Semana com Inforpress

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