Comunidade cabo-verdiana em Angola volta a focar dificuldades de documentação
O governante cabo-verdiano encerrou a sua visita de trabalho de cinco dias com um encontro com a comunidade em Angola, ao qual acorreu Manuel Semedo, de 55 anos, natural de Santa Catarina, residente no território angolano há mais de 30 anos.
Manuel Semedo, que trabalha para uma empresa de construção civil, está preocupado com a situação de alguns dos seus conterrâneos já idosos, no que se refere a questões sociais, bem como a nível de documentação.
“Temos muita gente já com uma idade elevada e queria que pudessem dar um pouco mais de atenção e ver também se pudéssemos ver resolvida a questão dos nossos documentos, na questão por exemplo do passaporte, e mais algumas questões especiais, como, por exemplo, a situação dos reformados cabo-verdianos que estão aqui há já um bom tempo e precisam de resolver essas questões”, referiu Manuel Semedo que esteve pela última vez em Cabo Verde em 2006, um período longo causado “por questões financeiras e de documentação”.
Casado com uma angolana e pai de oito filhos, Manuel Semedo não pensa regressar um dia ao seu país de origem que agora ficou só para visitar.
“Os meus filhos nasceram cá, já têm a nacionalidade cabo-verdiana, eles agora é que têm sempre aquela vontade de ir à Cabo Verde, porque não conhecem”, frisou.
Eugénia Borges Lopes, com 84 anos, pertence ao grupo dos cabo-verdianos mais antigos em território angolano, lembrando-se apenas que em “toda a guerra de Angola” ela esteve presente, quando questionada sobre a data da sua chegada ao país.
“A luta de libertação de Angola, toda a guerra, passámos aqui”, disse Eugénia Borges Lopes, que trabalhou no Ministério de Interior onde “chegou jovem”.
Com nove filhos, três em Cabo Verde e os restantes em Angola, Eugénia Borges Lopes participou hoje no encontro entre Jorge Santos e os cabo-verdianos residentes no território angolano, com o intuito de pedir mais atenção.
“Eu sou pobre, não tenho nada, trabalhei todo tempo da minha vida, mas não tenho nada, por isso o que me der eu recebo”, lamentou Eugénia Lopes, que só se lembra que deixou de ir à Cabo Verde quando terminaram as ligações aéreas diretas entre Angola e o arquipélago, ficando apenas a vontade de ir visitar a família e regressar para onde também está “toda a família”.
No encontro, Jorge Santos anunciou que até 31 de dezembro deste ano os cabo-verdianos vão poder de forma gratuita tratar de documentos nacionais, que têm à disposição o portal consular de Cabo Verde, em funcionamento desde 2022, para acesso das comunidades a um conjunto de serviços digitais, nomeadamente passaportes, procurações, carta de condução, entre outros.
Como questão a resolver, o ministro levou do encontro a vontade da comunidade cabo-verdiana ter uma Casa de Cabo Verde em Angola à semelhança do que já existe em Portugal e nos Estados Unidos da América, para acolher todas as iniciativas desta comunidade de cerca de 120.000 pessoas. A Semana com Lusa/Foto: Embaixada Cabo Verde em Angola