Instituto preserva tradição com mudança de cobertura de casas de primeira rua de Cabo Verde

Com esta reabilitação estamos a salvaguardar esta técnica tradicional da cobertura de colmo e a contribuir para que ela seja passada de geração em geração”, salientou Ana Samira Silva.

Orçadas em três milhões de escudos (27 mil euros), as intervenções são realizadas pelo Instituto do Património Cultural e pela Câmara Municipal da Ribeira Grande (CMRG) de Santiago, e arrancaram no âmbito das comemorações do 14.º aniversário da elevação de Cidade Velha à categoria de património Mundial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

As obras surgem ainda na sequência de um termo de compromisso assinado em abril entre a CMRG, o IPC e os moradores da Rua de Banana, a mais antiga construída pelos portugueses em África.

Ana Samira Silva avançou que vai ser retirada toda a cobertura velha, que já estava com um “aspeto degradado”, dando uma imagem “pouco digna” a esse sítio património mundial.

“Vamos substituir todas as coberturas em palha, colocando uma nova cobertura e vamos também introduzir a impermeabilização em algumas das casas que não tinham, porque também é preciso dar conforto a quem vive no património mundial, particularmente aos moradores”, frisou a presidente do IPC.

O objetivo é realizar obras em todas as 11 casas da rua, mas nesta primeira fase vão ser contempladas sete, em fase de “maior degradação”, segundo a dirigente institucional em entrevista à Lusa.

“É uma das ruas mais importantes de Cabo Verde, a primeira que foi urbanizada nos trópicos pelos europeus, e que tem, para além desta componente histórica muito forte, uma simbologia diferente porque a Rua da Banana acaba por congregar este percurso histórico de Cabo Verde e as marcas do tempo na Cidade Velha”, descreveu.

“É preciso que as pessoas que moram nesta rua sintam o orgulho de morar numa casa com cobertura de palha, mas que esteja bem reabilitada e os visitantes não vejam esse aspeto degradado que recorrentemente acontece por não haver essa formalização”, entendeu ainda.

As casas de pedra, caiadas a cal e com cobertura de colmo são uma marca da arquitetura tradicional cabo-verdiana, algo singular na Cidade Velha, que o IPC quer preservar.

Categoria:Noticias