Cabo Verde regista emigração em massa de jovens

Cabo Verde tem registado emigração em massa de jovens nos últimos meses. São jovens com sonhos e projetos de vida que buscam o caminho da emigração como alternativa aos vários problemas que o país enfrenta. Muitos deles fazem parte dos 12,1% de população desempregada em Cabo Verde, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), apresentados em 2022.

Mas da lista dos que querem partir também constam jovem empregados, que queixam-se de baixos salários, insuficientes para atender ao custo de vida neste momento.

É o caso da assistente de vendas Kátia Teixeira que está de malas feitas. "Tenho trabalho neste momento, mas o salário não é muito em relação às despesas. Não dá para fazer quase nada com apenas 13 mil escudos (cerca de 118 euros)", lamenta a jovem cabo-verdiana.

"Tenho duas crianças, tenho de pagar a renda, as contas de luz e água, comprar comida, e não sobra nada. Já tenho viagem marcada, o que me dói é deixar os meus filhos, mas tenho a esperança de vir buscá-los brevemente", conta.

Na mesma situação estão muitos outros jovens que apontam principalmente o desemprego, a falta de políticas e incentivos ao empreendedorismo.

"Recebi o meu passaporte há duas semanas e neste momento estou a preparar a viagem para o fim deste mês. Aqui não há alternativas e os governantes parecem não estar preocupados com o povo, sobretudo com os jovens que têm baixo nível de escolaridade e não tem nenhuma qualificação para o mercado de trabalho, que, a propósito, está saturado", lamenta Cláudio Semedo.

VFS Global - Visa Facilitation Services, é a empresa destacada para fazer o agendamento e triagem dos pedidos de vistos nacionais das autoridades consulares de Portugal, na cidade da Praia.

De acordo com dados da empresa, entre março a maio deste ano, mais de 3.000 vagas foram abertas para agendamento de pedidos de visto, apenas no quadro do acordo de mobilidade dos países de língua portuguesa (CPLP).

Face a esta crescente saída de jovens, sobretudo dos meios rurais, regista-se uma consequente diminuição de mão-de-obra e mão-de-obra qualificada. Na agricultura, por exemplo, os camponeses queixam-se dos preços das diárias que os poucos jovens disponíveis estão a cobrar.

"Há poucas pessoas disponíveis para trabalhar e, os poucos que ficaram, estão a cobrar um preço exagerado por cada dia de trabalho. No ano passado paguei 1200 escudos por pessoa (cerca de 11 euros), mas este ano já vi que os preços vão alterar-se", queixa-se António Pereira.

Perante a crescente saída de jovens à procura de emprego no estrangeiro, além da VFS Global, anónimos tem cobrado entre de 3 mil a 30 mil escudos cabo-verdianos (entre 30 a 300 euros aproximadamente), para conseguirem uma vaga de agendamento no Centro Comum de Vistos. A Semana com DWÁFrica

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