Crédito à economia em Cabo Verde abrandou ligeiramente em 2022
Segundo o relatório do estado da economia de Cabo Verde, consultado hoje pela Lusa, no ano passado a menor procura de crédito deveu-se ao “impacto adverso” da alta inflação sobre os rendimentos reais dos agentes e sobre as suas decisões de consumo e de investimento.
Para a moderação do crédito à economia, tanto às empresas como aos particulares, também contribuiu o processo de ‘phasing-out’ [eliminação progressiva] do serviço da dívida dos contratos de crédito sob o regime das moratórias, que vigorou até setembro de 2022, e à não concessão de créditos no âmbito das linhas de crédito covid-19, garantidos pelo Estado desde março de 2022.
O BCV constatou que em 30 de setembro de 2022, com o fim do regime das moratórias de crédito, o stock de crédito sob este regime, era de 10.866,1 milhões de escudos (98,5 milhões de euros), menos 8% do valor registado em finais de 2021.
“Este montante era exclusivamente de empresas (maior parte, privadas), sobretudo dos setores de “alojamento e restauração” (49%), “atividades imobiliárias” (21,1%), “distribuição de água e saneamento” (16,4%) e “transportes e armazenagem” (6,7%)”, enumerou o BCV, indicando que o regime das moratórias de crédito beneficiava nessa altura 177 entidades e 269 contratos.
De acordo com o BCV, em 2022 a oferta monetária cresceu 5,9%, superior aos 3% em 2021.
“Esta expansão da liquidez no mercado monetário foi determinada pelos aumentos registados no crédito interno líquido (7,4%) e nos ativos externos líquidos (8,3%)”, avançou.
O banco central cabo-verdiano constatou ainda que os desempenhos do crédito à economia e do crédito líquido ao setor público administrativo impulsionaram a evolução do crédito interno líquido.
“Apesar da política monetária ainda acomodatícia e da manutenção da taxa de juro média praticada nas operações de financiamento bancário (cerca de 9%), o mercado de crédito evidenciou, em 2022, uma menor dinâmica”, sublinhou ainda o regulador cabo-verdiano.
No ano passado, a mesma fonte constatou que o “aumento ligeiro” da restritividade dos termos e condições dos novos contratos de empréstimos aprovados para as empresas e para os particulares, nomeadamente, para aquisição de habitação, também poderá ter contribuído para o menor dinamismo do mercado de crédito.
De acordo com o BCV, em 2022 os empréstimos concedidos às empresas foram, maioritariamente, destinados ao financiamento para aquisição de equipamentos, viaturas e terrenos para construção e expansão da atividade e para necessidades de tesouraria.