PAICV acusa o Governo de falhar ao vender o liceu da Várzea e de criar “instabilidade” no realojamento dos alunos
Rui Semedo fez estas afirmações à imprensa, no final da visita que efectuou na manhã de hoje às obras de construção do novo liceu da Várzea, localizado na zona de Taiti, nas proximidades da Biblioteca Nacional e do memorial Amílcar Cabral, tendo salientado que as informações recebidas durante a visita dão garantias de que se está perante “uma edificação importante”.
Considerou, no entanto, que a decisão do Governo de vender o espaço que albergava o antigo liceu da Várzea, Cónego Jacinto, é algo “inédito”, isto porque, sustentou, “em nenhuma parte do mundo um liceu é vendido para se construir o mesmo liceu em outro espaço”.
“Esta é uma questão que do nosso ponto de vista é uma questão nova, normalmente não acontece todos os dias a venda de um liceu para construir um novo liceu. Estamos perante um facto, estamos perante um país onde se vende tudo, o que falta vender neste país? Se se vende até o liceu, o que falta ser vendido nesse país”, questionou.
Criticou a forma como o Governo tem gerido o processo de realojamento dos alunos e professores, que, frisou, vão começar o ano lectivo fora do seu liceu habitual e fora do liceu novo que ainda não foi concluído.
“E esses alunos vão ser distribuídos e alojados em outros liceus em outras condições perdendo o seu contacto com a sua comunidade, com o seu liceu de origem, a sua afectividade com o seu espaço e reconstruindo novos afectos em outros espaços”, apontou, referindo que esta decisão “impactará negativamente” igualmente os pais e encarregados de educação dos estudantes.
Defendeu que esta questão deve ser reanalisada porque poderá eventualmente prejudicar a comunidade académica do “Cónego Jacinto”, indicando a necessidade de readaptação dos mesmos que, ao seu ver, poderia ser evitado com uma simples decisão do Governo de não vender.
Quanto ao período para a conclusão das obras, Rui Semedo disse acreditar que o mesmo seja cumprido até Dezembro, conforme o anunciado pelo ministro da Educação, Amadeu Cruz.
“O primeiro mal já tinha sido feito, que foi vender o liceu, o segundo o mal está também a acontecer que é não ter o liceu pronto antes de os alunos serem deslocalizados. Dever-se-ia ver uma planificação melhor do Estado para criar as condições para não criar este hiato que eventualmente poderá afectar os alunos, mas também poderá afectar os próprios professores”, declarou.
Relativamente ao anúncio do Governo de que irá responsabilizar-se na atribuição de passes escolares aos alunos do referido liceu, lembrou que esta é uma obrigação moral e legal, uma vez que foi o próprio Estado que criou este constrangimento.
Na semana passada, o ministro da Educação, Amadeu Cruz adiantou que os alunos do liceu da Várzea, cujo antigo edifício foi desativado este ano, vão ser distribuídos no novo ano lectivo pela escola secundária Cesaltina Ramos e escola básica Terra Branca até conclusão do novo edifício, previsto para Dezembro.
Neste sentido, de Setembro até Dezembro, os alunos do 7º e 8 anos de escolaridade vão frequentar as aulas nas escolas de Ensino Básico Obrigatório (EBO) de Terra Branca, e os estudantes do 9º ao 12ºano vão assistir às aulas na escola secundária Cesaltina Ramos, também conhecida como escola técnica de Achada Santo António.
O governante adiantou na altura que no próximo sábado, 26 de Agosto, o Ministério da Educação vai fazer uma reunião com os pais e encarregados de educação para explicar toda a solução relativamente à construção do novo liceu da Várzea.
O novo Liceu da Várzea, edificado na zona do Taiti, perto do Memorial Amílcar Cabral e da Biblioteca Nacional, ocupa uma área de 4.293 metros quadrados, terá três pisos, 15 salas de aula, anfiteatro, com 180 lugares, cozinha, cantina, ala administrativa, biblioteca e pátio interior, entre outros.
O investimento é de 580 mil contos financiados pelos governos de Cabo Verde e dos Estados Unidos da América, que adquiriu o terreno onde está o antigo liceu e áreas circundantes para a construção da sua nova Embaixada e de outras acomodações.
A Semana com Inforpress