Moradores da Jamaica e Água Funda passaram noite a batalhar com água e lançam “apelo de socorro”

A situação é complicada nos referidos bairros.Conforme descreve a Inforpress, Maria Semedo, Mariazinha de Pina e Carina Andrade são algumas das chefes de família que abriram a porta das suas casas para demonstrar à Inforpress a “situação de afronta” com que se confrontaram por causa das chuvas da noite de segunda-feira, 02.

Segundo Maria Semedo, que assistiu a água a invadir o quarto do seu irmão, a situação do seu bairro, Jamaica, é “complicada”, reclamando da condição de via de acesso que, conforme notou, ficou “quase danificada”, o que dificulta a circulação das pessoas.

“Penso que as autoridades competentes devem nos ajudar porque Jamaica é uma zona pobre”, incutiu.

Estradas de terra batida cheia de lamas e fios de electricidade enterrados no chão molhado, são as razões de preocupação dos moradores, assim como das pessoas que por ali passam.

Mariazinha Mendes, mãe de cinco filhos, confessou que estão “afrontados” com as chuvas e que, conforme disse, “passaram a noite acordados e na escuridão a batalhar” com a água, que invadiu a sua casa.

“Na noite de ontem nem conseguimos sair de casa para ver de que lado a água estava. Quando amanheceu encontrei a minha cozinha cheia de lama, por causa da cheia que entrou e saiu pelo quintal”, recordou, acrescentando que a sua cama ficou “completamente molhada”.

Conforme realçou, tiveram que aguentar até ao amanhecer, uma vez que “naquela escuridão” não conseguiram sair de casa para solicitarem o apoio dos vizinhos.

A mesma fonte revelou que até o momento da reportagem, cerca das 11:00, os seus filhos ficaram com fome porque a situação em que a sua cozinha se encontra não dava para preparar o pequeno almoço.

Mariazinha e seu marido amanheceram com enxada, pá e picareta nas mãos a criarem levadas na tentativa de desviar as cheias das próximas chuvas. No quintal, prenderam um murro com uma corda para não cair.

Preocupada, a mesma fonte apelou às autoridades competentes para construírem muros de protecção capazes de garantir “mínimas condições” de segurança e desviar as cheias.

“Se vier mais chuvas é mais afrontas porque não sei o que fazer, uma vez que estou sem plásticos e nada para nos proteger”, lamentou segundo a inforpress.

No mesmo bairro, a Inforpress encontrou Erineusa Djaló, que, à semelhança da Mariazinha, a água “entrou na sua casa e passou” e, pelo mesmo motivo, passou a noite acordada.

Outra preocupação desta jovem, que vive com a mãe e uma irmã, é um fio de electricidade enterrado no seu quintal que, segundo constatamos, está cheia de água, o que aumenta, cada vez mais, o perigo das ligações clandestinas.

Djaló apelou a apoios para que ela possa construir, “pelo menos”, um quarto para viver com a família com o “mínimo de dignidade”.

Aliás, esta é, também, a invocação de Carina Andrade, residente em Água Funda, que, pouco depois das 11:00 se encontrava a retirar lama da sua barraca.
Conforme relatou, a água invadiu a sua barraca e os seus filhos protegeram-se debaixo da cama.“Todos os anos é assim e ninguém faz nada”, enfatizou.

Praia da pobreza e Praia da elite-camada média alta

Contactado pela Inforpress, o comandante substituto dos bombeiros da Praia, Paulo Cardoso, garantiu que não receberam nenhuma chamada de emergência por causa da chuva da noite de ontem, mas que uma equipa se encontra no terreno a fazer o ponto da situação.

É assim todos os ano no tempo da chuva. Jamaica, Água Funda, Castelão, entre outras zonas da periferia, fazem parte da outra Praia: a Praia da pobreza, e não a Praia da Elite e camada média-alta, que inclui sobretudo a Capital, Palmarejo, Achada de Santo António, parte de Terra Branca e Cidadela. Política para inclusão social precisa-se, pedem os menos abastados da Praia.


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