Praia: Cidadãos descontentes denunciam demora no atendimento em várias instituições públicas e privadas
O SOS está lançado com alguns cidadãos que procuraram o ASemanaonline para denunciarem a forma lenta como vêm sendo atendidos por várias instituições públicas e privadas da Capital, com destaque para as agências do BCA, da Caixa Económica, ELECTRA, AdS e o Hospital Central Dr. Agostinho Neto. “Nas agências bancárias e da ELECTRA em Palmarejo, perdemos quase um dia inteiro para sermos atendidos. Aliás, às vezes, os funcionários levam o tempo a falar com amigos e familiares ao balcão ou deslocam-se para as refeições e, por isso, demoram muito tempo para satisfazer os clientes. Mas mais: tratam-nos mal e dão, por vezes, prioridade aos familiares, amigos e pessoas de suas relações, o que acaba por criar alguma revolta entre utentes”, revela Jusina Semedo, moradora no referido bairro.
Já Osvaldina Correia, residente em Monte Vermelho, aponta o dedo aos funcionários das agências do BCA e da Caixa Económica de Cabo Verde de Palmarejo, adiantando que todas as vezes que vai fazer o levantamento no balcão ou pedir esclarecimentos no atendimento, passa todo o dia à espera que chegue sua vez. “Muitas vezes vejo os balcões com um ou dois funcionários, quando falta pouco para ser atendida. O problema é que os funcionários demoram muito tempo a atender-nos, porque pensam que são melhores e mais importantes que os utentes», descreveu.
Uma outra inconformada com esta situação é Luísa Semedo. Revela ao Asemanaonline que, às vezes, quando se dirige ao balcão de atendimento da agência do BCA, no Palmarejo, espera muito tempo para ser atendida e ao chegar a sua vez, alguns funcionários tratam-na sem a urbanidade esperada. “A colocação de mais funcionários resolveria o problema da demora, tanto no atendimento, como nos balcões de levantamento ou depósito, porque há muita gente para ser atendida e poucos atendedores”, propõe.
Francisco Fernandes é o outro utente que está também revoltado com o atendimento nas agências bancárias desse bairro. Diz que os funcionários são vagarosos e que não têm “sensibilidade humana” para atender as pessoas. “Nas horas das refeições os funcionários vão se embora, não serão substituídos por outros e demoram muito tempo para retomar a sua posição. Outros ainda pensam que nós vamos lá pedir favores. O dinheiro é nosso e não dos bancos, mormente dos funcionários. Sem os clientes eles não funcionam”, desabafa. Ma a nossa interlocutora revoltada com esta situação acrescente: «Há dias retirei uma senha de atendimento no BCA de Palmarejo por volta das 09:00 horas, em que sete pessoas se encontravam na fila antes de mim. Por conseguinte, constatei que algumas pessoas foram atendidas sem que disponha de senha alguma. Como inconsequência dessas situação, só fui atendida por volta das 14:00 horas», advertiu.
Situação idêntica acontece na loja da ELECTRA de Palmarejo. Juvenal de Pina Tavares procurou este diário digital para denunciar a demora no balcão de pagamento. “Nesta terra, são muitos os funcionários que marimbam nas repartições e se preocupam tão-somente com os 30 dias de presença nos serviços para defenderem o salário. Sempre que me dirijo ao balcão da ELECTRA para o pagamento da energia consumida, fico revoltado porque fico à espera que chegue a minha vez por mais de quatro horas seguidas. Esta terra não tem ordem e tudo está desorganizado desde a cúpula à base. Os gestores, chefes, diretores ou responsáveis dos serviços nunca repreendem seus funcionários, no sentido de agilizarem a forma como atendem as pessoas. Tudo vai de mal a pior”, critica.
Pior acontece no Hospital Central da Praia
Mas as denuncias não ficam por aí. É que a demora no atendimento no Hospital Dr. Agostinho Neto, na cidade da Praia, tem sido uma reclamação recorrente, quer de pacientes, quer de pessoas comuns que procuram esta unidade de saúde. Na sexta-feira, 13, por exemplo, o tempo de espera chegou a oito horas, segundo reclamações de pacientes a este diário digital.
Na semana passada, uma mãe disse que chegou ao Banco de Urgência (BU) por volta das 08:00 horas com o filho, que estava com o pé direito, supostamente, fraturado e que ele só foi chamado às 16:30 horas. "Como não era um ferimento tão grave, disseram que outros casos teriam prioridade. O problema é que tivemos que esperar muito tempo. Aliás, o garoto teve que aguardar pelo médico, de modo que regressamos à casa às 19:30 horas", reclamou a mãe que não quis se identificar.
Outra paciente residente em Terra Branca, que se queixava de dores de cabeça, alega que deu entrada ao BU do Hospital Dr. Agostinho Neto no início da tarde do dia 16 deste mês e, segundo ela, foi informada de que seu caso teria que ser visto por um médico, num Posto ou Centro de Saúde mais próximo da sua residência. "Não fui ao Centro de Saúde de Tira-Chapéu porque não sabia da gravidade do meu caso, mas já que estou aqui, quero que seja atendida", assegurou Emília Sequeira. Por isso, outros utentes humorisam que este é Banco de Espera e não Banco de Urgência.
"Julinha, moradora no Bairro de Achada Mato, garante, por sua vez, que levou a mãe ao Hospital com o corpo, parcialmente, imobilizado na manhã da terça-feira passada, afirmando que esperou pelo atendimento por mais de cinco horas. “Cheguei com a minha mãe às 10:00 horas para ser atendida por causa de imobilização da parte inferior do corpo, mas a enfermeira de serviço nos mandaram aguardar pela chegada do médico, que só compareceu no consultório às 13:00 horas. "Estou revoltada com essa situação. Não é normal que uma pessoa idosa aguarde tanto tempo para ser atendida e observada num Hospital do país, que se diz ser maior do país! A saúde em Cabo Verde está doente e o povo é quem sofre. É um absurdo", denuncia.
Controlo no terreno precisa-se
Outro homem, que prefere não ser identificado, disse ao Asemanaonline que, no mês passado, levou a esposa ao Banco da Urgência às 09:00 horas, por ter vomitado sangue e que só foi atendida sete horas depois por um clínico, “que não é supostamente especialista da área. Infelizmente, é o país que temos e a saúde na Cidade da Praia está muito precária", acusa a mesma fonte.
Para observadores atentos na Capital, é que as chefias, permanecendo nos gabinetes, não sabem o que se passa no terreno, porque as intuições referidas não têm um fiscal, cuja missão é controlar o desempenho dos empregados e resolver as reclamações dos utentes. É que, segundo advertem as mesmas fontes, as pessoas estão cansadas de utilizar livros de reclamações para alertarem aos superiores sobre os problemas identificados no terreno, mas sem solução.