Cabo Verde Airlines: Trabalhadores questionam salário em atraso
Um dos ouvidos por este jornal lembra que antes a administração da CVA costumava informar, através de emails, a data de pagamento de salário, mas desta vez não receberam ainda qualquer comunicação. Tentamos ouvir o sindicato do setor (SITHUR) e a administração da empresa sobre o assunto, mas os esforços deste jornal foram em vão até ao fecho desta edição.
Referindo-se às consequências deste atraso, a mesma fonte revela que a situação está a provocar transtornos graves aos 300 trabalhadores no ativo e aos na pré-reforma da CVA. «Além das implicações negativas no tocante ao sustento dos familiares, esta demora no pagamento dos vencimentos está nos causar transtornos graves com terceiros, com destaque para o atraso no pagamento de créditos junto de bancos comerciais, o que acarreta juros de mora», revela o interlocutor deste jornal.
Diante de tudo isto, o referido trabalhador pergunta onde está todo o dinheiro que a empresa emprestou, com o aval do Estado, junto de bancos comerciais e do Banco Mundial para financiar a CVA. «Perguntamos onde estão o dinheiro conseguido com o empréstimo conseguido com o aval do Estado junto dos bancos comerciais - Banco Internacional de Cabo Verde e do Ecobank- e do Banco Mundial para reestruturar a TACV e financiar a Cabo Verde Airlines», questiona a nossa fonte.
Empréstimos junto de bancos comerciais e do BM
É de salientar que a Cabo Verde Airlines assinou, em 15 de Julho de 2019, na Praia, uma linha de crédito de 24 milhões de dólares (cerca de 2.349.290.000 ECV) financiada pelo Banco Internacional de Cabo Verde (BICV) e pelo Ecobank para impulsionar o desenvolvimento da empresa.
Em declarações à imprensa, o CEO da Cabo Verde Airlines, Jeans Bjarnason, explicou que na conceção do “business plan” (plano de negócios), que cobrirá a companhia até 2023, ficou claro que a Cabo Verde Airlines precisava de capital durante os primeiros 18 a 20 meses para conseguir atingir os seus objetivos.
Por isso, garantiu que o empréstimo assinado com os bancos é para permitir que a Cabo Verde Airlines possa “navegar” ou operar durante 18 a 20 meses. Porém, acredita que depois desse período “a companhia aérea será lucrativa, considerando os resultados dos livros de contas e receitas.”
Além do citado montante, o Banco Mundial tinha também, no âmbito de um pacote financeiro para Cabo Verde, ter reservado à volta de 12 milhões de dólares para financiar a privatização da TACV.