Nicarágua pede à UE e a organismos de direitos humanos que investiguem violência
A Nicarágua pediu, na quarta-feira, à União Europeia e a organismos internacionais de direitos humanos para investigarem as quase 200 mortes ocorridas nos protestos contra o Governo, num passo para retomar o diálogo no país.
Conforme acordado na mesa de diálogo na última sexta-feira, o Governo do Presidente Daniel Ortega enviou cartas à UE, à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH), para que se deslocassem à Nicarágua.
"Recebemos a carta do Governo (da Nicarágua) a conceder acesso ao país. A nossa equipa está agora a coordenar a logística para esta visita, sobre a qual divulgaremos, em breve, pormenores", indicou em comunicado o ACNUDH na América Central.
De acordo com o secretário executivo da CIDH, Paulo Abrão, uma equipa técnica do Mecanismo Especial de Monitorização da Nicarágua (MESENI) chegará a Manágua na próxima terça-feira.
Na conta oficial da rede social Twitter, o responsável indicou ainda que um grupo internacional de investigações deverá chegar ao país na primeira semana de julho para ajudar "in loco" na investigação de todas as mortes e atos de violência no país desde o dia 18 de abril.
Na segunda-feira, a Conferência Episcopal, mediadora e testemunha do diálogo, suspendeu as três mesas de trabalho criadas para superar a crise porque o Governo não tinha apresentado cópias de cartas de convite a essas organizações internacionais para visitar o país.
A Nicarágua vive há dois meses a crise mais sangrenta das últimas décadas, com protestos e confrontos que causaram mais de 180 mortos e mais de 1.300 feridos.
Daniel Ortega e a mulher e vice-Presidente nicaraguense, Rosario Murillo, são acusados de corrupção e abuso de poder, tendo os manifestantes exigido que o casal abandone o poder, que ocupa há 11 anos.