Argentina. Legalização do aborto rejeitada
Dos 71 legisladores do Senado, 38 votaram contra e 31 votaram a favor. O debate demorou cerca de 15 horas.
De acordo com o Guardian, a “pressão da igreja católica impediu a aprovação”, segundo ativistas do sexo feminino que apoiaram o projeto-lei.
Nascido na Argentina, o Papa Francisco está envolvido na política do
país, e não escondeu a oposição ao projeto-lei. Ainda de acordo com o
jornal britãnico, o Papa pediu a legisladores anti-aborto que
“pressionassem os colegas a rejeitar o projeto”.
“A Igreja pressionou os senadores a votarem contra o projeto”, disse Ana Correa, membro do movimento feminista NiUnaMenos (Nenhuma mulher a menos).
A rejeição do projeto-lei significa que o aborto é apenas legal caso a
vida ou a saúde da mulher estejam em perigo, ou em casos de violação.
Nariela Belski, diretora da Amnistia Internacional
da Argentina, disse ao jornal britânico que numa pesquisa feita este
ano cerca de “60% das pessoas apoiavam a lei do aborto”.
“Sou otimista. Não foi aprovado hoje, mas amanhã é outro dia. Isto ainda não acabou”, disse Natalia Carol, de 23 anos.
Victoria Osuna, de 32 anos, ativista anti-aborto, disse à Reuters: “A
votação mostrou que a Argentina ainda é um país que representa os
valores da família”.
Acesso ao aborto em nove províncias
Embora a lei permita o aborto quando há risco para a mulher, o acesso a
essa prática não é implementado em todo o território argentino.
Das 25 províncias do país, apenas nove têm protocolos para que as mulheres possam abortar legalmente.
As dificuldades relacionadas com abortos clandestinos são a principal
causa de morte de mulheres grávidas na Argentina. No entanto, desde
2012, na província de Santa Fé, esses protocolos fizeram com que as
mortes por abortos clandestinos diminuíssem.