Presidente timorense promete diálogo para resolver impasse político

"Alguns chamam-lhe crise, outros impasse. Eu opto por chamar-lhe desafio. O termo desafio exige de nós capacidade, inteligência e diálogo, falarmos frente a frente, de coração aberto, com vontade de encontrar a melhor solução para o nosso povo e nação", disse, em Díli, Francisco Guterres Lu-Olo.

"É isto que está a acontecer atualmente. Como Presidente da República, procuro manter o diálogo com o primeiro-ministro no sentido de garantir a boa governação ao longo do seu mandato de cinco anos. É esta a minha obrigação como Presidente da República, segundo a Constituição. Estamos em diálogo. De forma serena e respeitando as competências de cada um, consagradas na nossa Constituição", frisou.

Francisco Guterres Lu-Olo falava nas cerimónias do 43.º aniversário das Falintil, braço armado da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e, desde 1987, o braço armado da resistência timorense que a 01 de fevereiro de 2001 foram convertidas nas atuais forças de defesa F-FDTL.

O chefe de Estado timorense considerou o "espírito das Falintil" como elemento motivador para a ação da liderança política e da população em geral para decidir o que querem deixar "como legado dos guerrilheiros das Falintil às gerações atuais e futuras".

Um "amor pela pátria e pelo povo", um "espírito de sacrifício, coragem, coração aberto, solidariedade e de entrega total à luta pela libertação nacional", que obriga a encontrar soluções de diálogo e consenso, disse.

"Despertar com o espírito das Falintil significa pôr de parte os interesses individuais, partidários ou de grupo, em prol do amor pelo povo e pela pátria", sublinhou Lu-Olo.

Há quase dois meses que o processo de formação do Governo, saído das eleições de 12 de maio, está num impassse, depois de o Presidente timorense ter recusado empossar alguns nomes escolhidos pelo primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, por terem "o seu nome identificado nas instâncias judiciais competentes" ou possuírem "um perfil ético controverso".

Na semana passada, o primeiro-ministro timorense pediu ao Presidente Lu-Olo o adiamento `sine die` da tomada de posse de três membros do executivo, "em solidariedade" com um outro grupo de elementos do Governo que ainda não foram nomeados.

A carta de Taur Matan Ruak respondia a um ofício do Presidente relativo à nomeação de Samuel Marçal para o cargo de ministro do Planeamento e Investimento Estratégico, do ministro do Petróleo e Recursos Minerais, Alfredo Pires, e do secretário de Estado das Pescas, Rogério Araújo.

O impasse mantém-se em relação a nove nomes. Sete do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), Francisco Kalbuadi Lay, Virgílio Smith, Tomás do Rosário Cabral, Jacinto Rigoberto Gomes de Deus, Hélder Lopes, Amândio de Sá Benevides, Sérgio Gama da C. Lobo, e dois do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), António Verdial de Sousa e José Manuel Soares Turquel de Jesus.

O CNRT, o KHUNTO e o Partido Libertação Popular (PLP) integram a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), coligação que venceu as legislativas com maioria absoluta.

Numa primeira cedência do Governo, o primeiro-ministro eliminou da lista de nomeados dois dos nomes inicialmente propostos, que estão, atualmente, envolvidos em processos já nos tribunais: Gastão de Sousa, proposto como ministro do Planejamento e Investimento Estratégico (MPIE), e Marcos da Cruz, indicado para vice-ministro da Agricultura e Pescas.

Com a nomeação dos três novos membros, continuam por nomear seis membros do Governo, incluindo o ministro das Finanças.

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