Estudo conclui que maioria dos cabo-verdianos vê país a caminhar “na direção errada”

Quando nós falamos dos principais problemas do país, ainda a questão do desemprego continua na primeira posição, 63% elegem o desemprego como o principal problema do país, seguido da insegurança e a criminalidade”, explicou José Semedo, diretor-geral da Afrosondagem, ao apresentar as conclusões do estudo, regular e ao nível do continente, que foca a qualidade da democracia, as condições económicas, a corrupção e a confiança nas instituições.

O desemprego liderou a lista dos problemas mais importantes para os cabo-verdianos em 2022, seguido do crime e insegurança (46%), administração da economia – relacionado com a inflação - (27%), saúde (27%), pobreza (20%), habitação (12%) ou educação (12%), entre outros.

Há que ver que nos últimos anos, particularmente de 2019 para cá, tivemos um aumento vertiginoso na taxa de inflação. Isso acabou por piorar um pouco as condições de vida dos cabo-verdianos, tanto é que, na análise dos dados que nós temos relativamente à performance do Governo nas áreas económicas, ela é extremamente negativa. Isso advém de alguns fatores internos, mas basicamente também dos fatores externos provocados seja pela crise da covid-19 e agora ainda mais com a crise da guerra na Ucrânia”, acrescentou.

Questionados sobre a direção em que o país caminha, 63% dos inquiridos entendeu que é a “errada” (56% em 2019 e 58% em 2017), enquanto 35% responderam que está “certa” (39% em 2019 e 38% em 2017).

O estudo “Afrobarómetro” é realizado regularmente nos países africanos e em Cabo Verde – que já realizou em 2002, 2005, 2008, 2011, 2014, 2017 e 2019 - contou com inquéritos de abrangência nacional a 1.200 pessoas com mais de 18 anos feitos de 22 de julho a 05 de agosto de 2022, uma margem de erro de 3% e um nível de confiança de 95%, segundo os dados da Afrosondagem, que o realizou.

De acordo com os dados apresentados, 12% assumiram viver num cenário de “muita pobreza” nos 12 meses anteriores à realização do inquérito, 61% descreveu as condições económicas como “más ou muito más” (47% em 2019) e 30% como “boas ou muito boas” (34% em 2019).

Já sobre a sua condição de vida, 46% dos inquiridos descreveu como “boa ou muito boa” e 32% como “má ou muito má”, em linha com os anos anteriores. Para os 12 meses seguintes, 63% dos inquiridos acreditavam na melhoria das condições económicas no país, enquanto 23% admitiam que vão piorar.

O “Afrobarómetro” constitui uma rede de pesquisa não-partidária que realiza pesquisas de opinião pública sobre democracia, governação, condições económicas e assuntos relacionados em cerca de 37 países africanos. Foram realizadas nove séries de pesquisas entre 1999 e 2022.

Cabo Verde recupera de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19. Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística.

Para 2022, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, nomeadamente a escalada de preços, o Governo baixou em junho a previsão de crescimento de 6% para 4%, que, entretanto, voltou a rever, para mais de 8% e já no final do ano para 10 a 15%. A Semana com Lusa

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