Dezenas de desaparecidos na ilha japonesa de Hokkaido após sismo de 6.7
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06/09/2018 08H50
A ilha japonesa de
Hokkaido ficou paralisada após um forte sismo esta madrugada, quando os
residentes dormiam. Foram já confirmados nove mortos e mais de 30
desaparecidos mas o número de vítimas deverá subir nas próximas horas,
já que o abalo provocou grandes deslizamentos de terras e o
desmoronamento de dezenas de casas. Além das vítimas mortais confirmadas
há ainda 167 feridos. Toda a ilha, do tamanho da Austria e com 5,3 milhões de residentes,
ficou sem energia pela primeira vez na sua história. A eletricidade
começou a voltar entretanto para algumas partes de Sapporo, capital de
Hokkaido, e de Asahikawa, a segunda maior cidade da ilha.
O sismo deu-se às três horas e oito minutos da manhã (18h08 GMT), com
epicentro 62 quilómetros a sudeste de Sapporo e a uma profundidade de 40
quilómetros. Registou o grau 6 na escala japonesa cujo máximo é 7. Foi
seguido de dezenas de réplicas.
Imagens aéreas mostram os montes perto da localidade de Atsuma, no sul
da ilha, literalmente cortadas ao meio devido aos enormes deslizamentos
de terras, que arrastaram árvores e casas construídas nas encostas, com
os bombeiros a remover destroços em busca de sobreviventes.
"Veio em quatro grandes abalos - bang! bang! bang! bang!" descreveu uma
mulher aos microfones da televisão pública NHK. "Antes de percebermos o
que se passava, a porta entortou e ficamos impedidos de sair de casa!",
acrescentou.
"Acordei com um abalo pouco depois das três da manhã. Acendi a luz mas
ela apagou-se logo a seguir" devido a um corte de eletricidade, contou à
Agência France Presse uma habitante de Sapporo.
"Houve um tremor repentino, extremo. Senti-o de forma lateral durante
muito tempo, parou e depois recomeçou a tremer. Tenho 51 anos e nunca
vivi antes tal coisa", contou por seu lado um funcionário da cidade de
Abira. "Pensei que a minha casa ia desabar, estava tudo de pernas para o
ar!, acrescentou. "A minha filha, que estava no liceu, está
aterrorizada".
O primeiro-ministro Shinzo Abe anunciou o envio de uma força de 25.000
soldados para as operações de salvamento. "Vamos fazer tudo para salvar
vidas", prometeu Abe, após uma reunião de emergência do seu gabinete.
O porta-voz do Governo, Yoshihide Suga, apelou aos habitantes das zonas
atingidas para "estar atentos às informações difundidas pela rádio e
pela televisão e a entreajudar-se". Foram organizados refúgios em várias
das áreas afetadas.
De acordo com a empresa Hokkaido Electric Power, 2,95 milhões de casas e
outros clientes ficaram sem eletricidade após o sismo, devido à paragem
de todas as centrais da região. As estações já recomeçaram a funcionar,
lenta e progressivamente, mas "irá demorar uma semana para que a
situação se normalize", anunciou o ministro da Industria, Hiroshige
Seko.
Todos os comboios estão paralisados e o aeroporto de Sapporo Chitose foi
encerrado. Mais de 200 voos previstos para esta quinta-feira foram
anulados afetando cerca de 40.000 passageiros.
Poderão ocorrer novos abalos nos próximos dois a três dias, preveniram
ainda os especialistas. "Há ainda um risco acrescido de desabamentos de
casas e de deslizamento de terrenos das zonas atingidas pelos fortes
tremores", lembrou Toshiyuki Matsumori, responsável pela vigilância de
tsunamis e de sismos da agência meteorológica japonesa.
Esta foi a segunda catástrofe natural a atingir o Japão em dois dias. As
ilhas sofreram entr eterça e quarta-feira a passagem do tufão Jebi, a
pior tempestade registada em 25 anos, que afetou especialmente a região
oeste de Osaka.
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