Polémica com boletim de Totoloto fora do concurso: Estado deve exigir mais controlo e transparência na extracção dos números
A polémica está instalada com este alerta. O Estado precisa, através da Inspecção Geral de Jogos de Fortuna e Azar, fazer um controlo mais eficiente dos jogos do Totoloto Nacional administrados pela Cruz Vermelha de Cabo Verde (CVCV), cuja extracção deve ser informatizada e transmitida em directo pela Televisão e Rádio de Cabo Verde, garantindo assim mais transparência no processo. O SOS é lançado por vozes críticas da sociedade civil, para as quais só assim se evita o que aconteceu na semana passada, em que, devido ao mau tempo, os boletins autenticados do Fogo foram excluídos da extracção por não terem chegado à Praia e dois dos apostadores ficaram sem receber os seus prémios - um deles ganhou o primeiro prémio de mais de 18 mil contos - mesmo tendo jogado e pago os respectivos bilhetes da lotaria.
Segundo questionam as mesmas fontes, é inadmissível que, numa sociedade de informação como Cabo Verde, a Cruz Vermelha, que tem um rendimento financeiro razoável através da Lotaria Nacional, continua a trabalhar de forma arcaica e que não oferece total transparência perante o grande público: joga-se ainda em boletins de papéis – devia ser online - para serem transportados para sede na Praia e a extracção não é feita com a transmissão, sobretudo por parte da TV, de modo em directo.
« O Estado precisa, por isso, fazer, através da Inspecção Geral de Jogos de Fortuna e Azar, um controlo mais eficiente dos jogos do Totoloto Nacional administrados pela Cruz Vermelha de Cabo Verde (CVCV), cuja extracção deve ser informatizada e transmitida em directo pela Televisão e Rádio de Cabo Verde, garantindo assim mais transparência no processo», exigem os interlocutores do ASemanaonline.
Para as mesmas vozes críticas, só assim se evita o que aconteceu na semana passada, em que, devido ao mau tempo, os boletins autenticados do Fogo foram excluídos da extracção por não terem chegado à Praia e dois dos apostadores ficaram sem receber os seus primeiros, mesmo tendo jogado e pago seus respectivos bilhete de lotaria.
Um deles é Amílcar Andrade Alves, funcionário da Unicoop nos Mosteiros. Na ocasião, esclareceu que que preencheu vários boletins de totoloto em parceria com o seu companheiro de trabalho, tendo acertado nos seis números que dão o primeiro prémio, cujo valor acumulado é de 18.300.000 escudos. alertou que a responsabilidade é da agência e da Cruz Vermelha e devem assumi-la, pagando o valor dos prémios.
Além do primeiro prémio, os dois apostadores, que se mostram agastados com a situação, acertaram, segundo a Inforpress, outros cinco números num outro boletim, que dão direito ao segundo prémio, e mais três boletins com quatro números e que dão direito ao terceiro prémio do totoloto, cujos valores são de 18.300.000 escudos, 10.135 escudos e 1.582 escudos, para 1º, 2º e 2º prémios respectivamente.
«Medidas têm que ser tomadas para se evitar caso desta natureza, que causa transtornos graves. A Cruz Vermelha tem que assumir as suas responsabilidades perante esta situação, já que é ela ou os seus agentes contratados que têm a missão de transportar os boletins de jogos para a sede, na Praia. Este facto já provocou danos psicológicos e morais aos jogadores do Fogo, que estão a ser vítimas de gozo numa ilha em que se brinca com coisas sérias e o orgulho é levado a sério. Eles admitiu que vai procurar apoios para entrar com uma ação judicial contra a Cruz Vermelha da Cabo Verde», refere um dos críticos ouvido por este jornal, para quem, diante do estado de mau tempo, a Cruz Vermelha podia adiar a extracção da Lotaria, o que causaria menos problema para os praticantes deste jogo.
Cruz Vermelha com leitura diferente
A Cruz Vermelha de Cabo Verde tem, no entanto, uma leitura diferente no tocante ao caso em apreço. Estribando-se na lei em vigor, afirma que não lhe é imputada as responsabilidades pela não participação nos concursos das matrizes dos bilhetes que não deram entrada na sede do Totoloto Nacional no prazo estabelecido e que os mesmos ficam fora do concurso.
Estas declarações da Cruz Vermelha de Cabo Verde concessionária dos jogos sociais surgiram, segundo a Inforpress, após um apostador da ilha do Fogo ter reclamado ser o vencedor do 1º prémio do totoloto no concurso nº36 de Setembro de 2018, cujos boletins não deram entrada na Cruz Vermelha de Cabo Verde, secção de loto, com o cancelamento dos voos São Filipe/Praia nos dias 08 e 09 de Setembro, sábado e domingo, devido ao mau tempo.
“À luz do artigo 3º número 4 da portaria nº50-A/88, de 2 de Novembro, que aprova o regulamento geral do Concurso do Totoloto Nacional, não lhe é imputada as responsabilidades pela não participação nos concursos das matrizes dos bilhetes que não deram entrada na sede do Totoloto Nacional no prazo estabelecido”, lê-se no comunicado enviado à Inforpress.
Nesta circunstância, de acordo com a mesma fonte, dispõe o nº5 do mesmo artigo que os concorrentes apenas têm direito à restituição das importâncias que houverem pago, mediante a entrega do recibo do bilhete.
Efectivamente por motivo de força maior que impossibilitou a realização dos voos de ligação da ilha do Fogo para a cidade da Praia, esclarece a CVCV, os boletins autenticados na ilha do Fogo referente ao concurso nº 36 não deram entrada na sede do Tototolo e por conseguinte ficaram de fora do concurso.
Face a esta situação, a Cruz Vermelha de Cabo Verde lamenta o
ocorrido e reafirma o seu “firme propósito e forte engajamento” na
implementação de medidas designadamente a informatização dos jogos
sociais e inovação do sector visando minimizar tais efeitos. Porque mais
vale tarde do que nunca, vai se esperar por essas medidas. Ilustração: Fogo do jogador Amílcar Alves e boletim jogado.