PR diz que "é tempo de Cabo Verde dar salto com lideranças visionárias"

"Nos seus 50 anos de independência, Cabo Verde fez razoavelmente bem o que tinha que fazer. Agora é tempo de dar o salto, de modernizar o país, de sofisticar a formação das políticas e de acelerar os processos de execução. Isso só é possível se formos capazes de transformar as vantagens comparativas em fontes de vantagens competitivas", afirmou José Maria Neves.

O chefe de Estado falava na Leadership Summit Cabo Verde, que arrancou na Praia, com oradores internacionais e o objetivo, segundo a organização, de "produzir conhecimento relevante em todas as áreas relacionadas com liderança".

"Só com lideranças visionárias, estratégicas, inclusivas e catalisadoras de processos transformacionais poderemos realizar tais desideratos. Somos um Estado oceânico, temos enormes e inesgotáveis reservas de energias verdes", defendeu, na mesma intervenção, o também antigo primeiro-ministro (2001 a 2016).

"Se fizermos a revolução digital e transformarmos Cabo Verde em ’ciber island’, podemos com certeza construir a ponte para o futuro e mobilizar todas as capacidades materiais e espirituais desta nação diaspórica para realizarmos o sonho e para realizarmos o nosso sonho e cumprir Cabo Verde", acrescentou.

Aludindo aos perigos do populismo, considerou também que a "nova ordem mundial em formação requer lideranças visionárias e catalisadoras dos processos transformacionais em curso", embora recordando que "em todos os momentos decisivos da história da humanidade surgiram líderes ou personalidades excecionais que acabaram por reinventar um futuro radicalmente novo e que revolucionaram o mundo".

"O mundo precisa de líderes amantes da liberdade, da tolerância e da moderação, da natureza e da vida. Líderes idealistas, inteligentes e transformadores, que sonham com um mundo melhor para todos e com todos, num quadro de pluralismo, trabalham para a sua concretização. O ineditismo dos tempos próximos, a volatilidade e ambiguidade da ecologia política e económica exigem, sobretudo, inteligência adaptativa dos líderes", disse ainda.

Para José Maria Neves, "só líderes dotados de capacidade para aprender em cada momento as mudanças e, na mesma velocidade, tomar as medidas que garantam a necessária adequação dos atores, das estruturas e das políticas terão sucesso".

Além disso, enfatizou, "hoje, mais do que nunca" são necessários "líderes inteligentes, em todos os domínios, para enfrentarem uma realidade muito diversa de tudo o que era conhecido, previsível ou que foi teorizado".

"A nível dos governos e das organizações, o papel das lideranças nunca foi tão crucial. Na era das disrupções, imprevisibilidades e caos, as lideranças têm de ser capazes de apreender rapidamente as demandas (...) e articular estratégias para respondê-las com razoável grau de eficácia", frisou José Maria Neves.

"Tudo muda todos os dias, o planeamento estratégico é reconstituído diariamente. Os caminhos, os ritmos e as respostas de ontem podem já não ser eficazes hoje. Os ambientes negociais são cada vez mais subversivos e os sistemas organizacionais cada vez mais complexos", reconheceu.

A Leadership Summit Cabo Verde decorre pela primeira vez entre hoje e sexta-feira, na Assembleia Nacional e na Universidade de Cabo Verde, na Praia, e pretende ser um evento anual integrado no projeto Líder, que replica pela primeira vez internacionalmente o evento Leadership Summit Portugal.

O evento vai reunir dezenas de oradores, caboverdianos e estrangeiros, das áreas do empreendedorismo e digital, à volta do tema "Nova Liderança Digital", com o objetivo de debater os desafios que se colocam às lideranças perante a transformação tecnológica.

A Semana com Lusa

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