Inquérito parlamentar sobre TACV vai ser entregue ao Ministério Publico: PAICV aponta que relatório da CPI mostra que Governo mergulhou o país e a TAC

Conforme Walter Évora, membro da Comissão Política Nacional do PAICV, o relatório desta CPI mostra, de forma clara e inequívoca, que o Governo de Cabo Verde, com a privatização dos TACV, «mergulhou o país e a campainha aérea num grande buraco financeiro». Para este parlamentar que também presidiu a referida CPI, o Primeiro-ministro de Cabo Verde, que não tem humildade para reconhecer o enorme erro que cometeu e o problema que criou ao seu país, sem assumir as suas responsabilidades políticas, vem agora, como se nada tivesse acontecido nos últimos 6 anos, anunciar que vai meter mais 3 milhões de contos na TACV para preparar para mais uma privatização depois da falhada com a Icelandair.

Para o porta-voz maior partido da oposição, enquanto em Cabo Verde não começar a haver responsabilização civil e criminal pela gestão negligente dos recursos públicos, não haverá rigor, respeito e responsabilidade na gestão dos recursos que pertencem ao povo de Cabo Verde.

“O relatório desta CPI mostra de forma clara e inequívoca, que o Governo de Cabo Verde, com a privatização dos TACV, mergulhou o país e a campainha aérea num grande buraco financeiro, permitiu que os interesses privados do parceiro que escolheu por ajuste direto, falassem mais alto do que o interesse público nacional e permitiu de forma negligente que os parcos recursos do país fossem drenados numa parceria estratégica que deixou o país de joelhos”, evidenciou o mesmo na sua declaração à imprensa.

Segundo Walter Évora explicou, para que os Cabo-verdianos possam entender a dimensão do problema, o relatório desta CPI mostra que durante o período que o Governo entregou os TACV para ser gerido por uma entidade externa e durante o período em que esteve privatizada, a TACV teve o maior prejuízo de toda a sua história.

Senão vejamos: O Governo pagou avultados recursos para preparação da privatização da TACV: 100 mil dólares de taxa inicial, mais 75 mil dólares por mês, acrescido com despesas de alojamento e viagens, para ter como resultado, de 2017 a 2019, um prejuízo superior a 15 milhões de contos. Mesmo depois de 3 anos a ter resultados líquidos extremamente negativos, 3 milhões de contos negativos em 2017, 6 milhões de contos negativos em 2018 e 6 milhões contos negativos em 2019, o Governo continuou de forma consciente e deliberada, mas negligente a insistir naquilo que chamavam de uma parceria estratégica que só seria rompido em 2022, depois de uma decisão mal pensada, arrestar ao seu parceiro estratégico um Boeing na ilha do Sal, que, no final, acabou por levar o Estado de Cabo Verde a pagar mais de 100 mil contos e libertar o aparelho», apontou o conferencista.

Évora disse que para além dessa pesada dimensão financeira do falhanço que foi a privatização dos TACV, há também uma dimensão humana muito negativa em todo esse processo que foi o drama em que os funcionários dos TACV foram submetidos por deslocalizarem as suas famílias da Cidade da Praia para residirem na ilha do Sal, desestruturando as suas vidas, para no final dessa desastrosa privatização cada funcionário ter de desenrascar o seu regresso a sua ilha.

O mesmo salientou que ficou claro também com essa CPI que a retirada dos TACV dos voos domésticos foi um erro tremendo, uma vez que teve um impacto negativo muito forte na economia das ilhas, causou situações dramáticas em termos de evacuações médicas, deixou o país totalmente dependente de interesses privados para sua interconexão e criou um risco permanente de Cabo Verde ficar sem ligações aéreas inter-ilhas , pois à semelhança do que aconteceu com a Binter a qualquer momento o atual operador aéreo nas rotas domesticas pode parar com os voos se assim lhe for conveniente em termos dos seus interesses empresariais.
O PAICV repudia com indignação essa total falta de respeito para com os recursos de todos os Cabo-Verdianos, que passam por um momento particularmente difícil em que muitos estão privados das suas necessidades mais básicas.

Este conferencista afirmou que foi, por isso que o PAICV submeteu a Assembleia Nacional uma resolução para que o relatório dessa CPI fosse encaminhado para as instâncias judiciais para que as responsabilidades desse processo ruinoso sejam assacadas e o Parlamento diante das evidências, não tinha outra saída o que certamente deixa os Cabo-Verdianos muito satisfeitos.

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