Binter diz que o serviço está em risco com redução das tarifas pela AAC
Em comunicado, a Binter reagiu desta forma ao anúncio, sexta-feira, da Agência de Aviação Civil (AAC) de redução das tarifas máximas nos voos domésticos em Cabo Verde em 2,33%.
A deliberação que determina as tarifas máximas aplicadas no setor de transporte aéreo doméstico em Cabo Verde foi aprovada pela AAC em julho, publicada esta semana no Boletim Oficial e entra em vigor a 28 de outubro.
Com o reajuste, registou-se uma redução nas tarifas máximas de 2,33%, havendo rotas que tiveram diminuição dos preços máximos, enquanto outras aumentaram e outras mantiveram-se inalteráveis.
As reduções mais significativas registam-se nas rotas Praia - São Nicolau (-18%) e Praia - Sal (-16%), contrastando com os aumentos nos percursos Praia - São Filipe (9%) e Praia - Maio (5%) e de Praia - Boavista e Sal – Boavista, que se mantiveram inalteráveis.
Em comunicado de imprensa, a Binter Cabo Verde refere que está “a estudar o impacto total destas novas tarifas impostas unilateralmente” e vai “dirigir?se ao Governo para comunicar todas as consequências negativas que estas vão ter nos serviços atuais”.
“Esta última decisão, que prejudica gravemente a Binter Cabo Verde, vem juntar-se a uma série de medidas que a AAC tem aplicado contra a Binter Cabo Verde”, lê-se no comunicado da empresa.
Para a Binter, estas medidas “põem em perigo a continuidade do serviço, tal como estava planeado e vinha a ser feito”.
“Os compromissos entre o Governo e a Binter seriam que o mercado se manteria livre e que a regulamentação respeitaria o equilíbrio financeiro e económico. Com estas premissas, a Binter Cabo Verde comprometer-se-ia a servir de forma permanente o mercado insular cabo?verdiano com um serviço aéreo regular, serviço que vinha a ser feita com reconhecido sucesso”, refere.
A empresa considera que “estas novas medidas de AAC, juntamente com outras anteriores tomadas contra a Binter Cabo Verde, libertam a Binter de compromissos tomados com o Governo anterior da VIII legislatura como da atual IX legislatura”.
Na sessão de informação e conferência de imprensa realizada sexta-feira, o técnico e inspetor da AAC pela área de regulação económica Silvino Fortes disse que, da monitorização do mercado, a reguladora detetou irregularidades nas tarifas anteriores, pelo que teve de intervir.
Entre as irregularidades apontou o facto de pessoas às vezes pagarem duas vezes no mesmo percurso, que era determinado por linha, mas que agora passa a ser por origem e destino.
"A AAC teve uma necessidade de fazer uma alteração ao regulamento e clarificar que o espírito é origem-destino, independentemente de escalas intermédias, o operador tem de aplicar é a tarifa publicada origem-destino", esclareceu.
A agência reguladora, prosseguiu o técnico, detetou também que desde a saída da Transportadora Aérea Cabo-verdiana (TACV) dos voos domésticos, em agosto de 2017, altura em que a Binter passou a ser o único operador no mercado local, as tarifas médias aumentaram ligeiramente.
"Atualmente temos uma homogeneidade das tarifas em Cabo Verde, houve necessidade de fazer diminuições e aumentos", esclareceu Silvino Fortes, reconhecendo que há vantagens e desvantagens, dependendo das rotas, mas afirmou que se justificava a "calibração dos preços". A Semana/Lusa