Dia da Europa: Embaixadora garante que as crises não comprometem a parceria entre Cabo Verde e UE
A embaixadora da União Europeia (UE) em Cabo Verde, Carla Grijó,
garante que as crises, em particular a guerra na Ucrânia, não
comprometem a parceria da UE com os países africanos e com Cabo Verde em
especial.
Em declarações à Inforpress, no quadro das celebrações do Dia da Europa, que se assinala esta terça-feira, 09 de Maio, Carla Grijó sublinhou que “é importante” que se diga que esta crise, que tem afectado grandemente a economia europeia, não tem desviado a organização da importância de construir parcerias fortes com os seus parceiros, nomeadamente com o continente africano.
“Por exemplo, na conferência da Boa Vista, realizada recentemente, a UE e seus Estados membros voltaram a lembrar em relação à Cabo Verde, mas também em relação a outros parceiros africanos, qual é o seu esforço e seu contributo para que a recuperação económica do continente africano também tenha lugar”, salientou.
De forma particular, com Cabo Verde, com o qual a UE tem uma parceira especial de há mais de 16 anos, e com “bastante maturidade”, Carla Grijó disse, inclusive, que há uma coincidência de agendas, que muito tem a ver com o multilateralismo que as partes defendem.
“A agenda de desenvolvimento de Cabo Verde como se viu na Boa Vista decorre muito em torno dos objectivos da agenda 2030 das Nações Unidas e o mesmo se pode dizer da agenda de desenvolvimento da UE. Então, temos muitos aspectos e coincidência de agenda”, afirmou.
“Por exemplo, pensamos no tema da transição energética, que é, aliás um tema que a guerra veio acelerar porque uma das primeiras consequências da guerra foi um aumento dos preços de energias que afectou muito os países europeus e continua a afectar, embora os preços têm vindo a estabilizar, mas afectou também muito países como Cabo Verde que importa todos os combustíveis fósseis que consome”, frisou.
Neste sentido, Carla Grijó indicou que esta crise vem motivar em Cabo Verde de que é necessário acelerar a sua transição energética e investir cada vez mais nas energias renováveis, um objectivo, que afirma, também está em discussão na própria União Europeia.
“Portanto, aí, de facto, é um bom exemplo de que as nossas agendas são coincidentes, trabalhando em conjunto podemos alcançar os objectivos fixados pela agenda 2030”, realçou a embaixadora da União Europeia.
Aliás, adiantou que a transição energética, dentro da transição climática, juntamente com a transição digital são as duas áreas que estão em cima da mesa para aceder ao financiamento do programa Global Gateway.
Este programa, conforme explicou Carla Grijó, é uma iniciativa da UE que procura estabelecer uma oferta aos países parceiros para os apoiar na sua recuperação económica no pós-pandemia e, ao mesmo tempo, incentivar que essa recuperação incidisse sobre duas áreas, consideradas fundamentais para as próximas gerações.
“Portanto, utilizar uma subvenção tem sempre uma componente de subvenção, que permite depois a estas instituições financeiras oferecer a componente empréstimo em condições favoráveis e, ao mesmo tempo, procurar também envolver o sector privado porque muitas destas transformações que estamos a falar, os conhecimentos tecnológicos, para as implementar estão no sector privado”, sustentou.
O Dia da Europa é comemorado anualmente a 09 de Maio, para festejar a paz e a unidade do continente europeu. A data assinala o aniversário da histórica “Declaração Schuman”, que expôs a visão de Robert Schuman de uma nova forma de cooperação política na Europa, que tornaria impensável uma guerra entre os países europeus.
Carla Grijó realçou que estar a celebrar mais um dia da Europa com guerra às portas da Comunidade é “traumático”.
“Portanto não é no território, mas é às portas da UE. Por isso, todo o esforço que as instituições europeias e também os Estados membros, os cidadãos estão a fazer no sentido de apoiar a Ucrânia e os cidadãos ucranianos deve ser visto nesta perspectiva histórica”, sustentou, adiantando que o apoio da UE à Ucrânia é no sentido de garantir que a mesma esteja em situação de igualdade para se defender e encetar as negociações.
Inforpress