Moçambique considera Islão como parceiro e afasta religião dos ataques no norte
"Não vamos deixar que o inimigo venha fazer o seu teatro aqui no nosso território. Não vamos permitir que a mesquita, a religião islâmica, seja posta em causa", referiu Júlio Paruque, em declarações transmitidas hoje pela Rádio Moçambique.
"Não vamos admitir isso, porque o Governo, o Estado moçambicano, tem na religião islâmica um parceiro, aquele que promove o bem, a paz, a tolerância e comparticipa na moralização da sociedade, na formação do homem novo", referiu.
O governador falava durante um encontro com a população, no domingo, em Macomia, vila sede de um dos distritos onde têm havido mais ataques a aldeias remotas.
"Não se deixem enganar, não se deixem vender. Não há preço para isso, para vender a pátria, vender os pais, vender a aldeia", acrescentou.
Paruque apelou à população para ficar alerta face ao que considera serem mentiras de grupos que recrutam residentes para ataques a aldeias remotas.
"Há muitos jovens que, infelizmente, desaparecem e não voltam mais, porque, na mata, a força está a fazer o seu trabalho", concluiu.
As declarações surgem uma semana depois de o juiz que está a ouvir quase 200 acusados de estarem ligados aos ataques armados ter dito que não é a religião islâmica que está sob julgamento, apesar de ter havido recrutamento nas mesquitas.
No início do mês, o Presidente da República, Filipe Nyusi, tinha também afirmado que a religião islâmica está a ser usada como forma de instrumentalizar habitantes.
Segundo dados oficiais, pelo menos 90 pessoas, entre civis e elementos das forças de defesa e segurança, já morreram desde que se iniciaram os ataques, há um ano.