PR moçambicano defende colaboração no combate a grupos armados no norte do país

"Estamos a pedir uma colaboração com as forças de defesa e segurança para a responsabilização dos autores destes atos macabros", declarou o chefe de Estado moçambicano, durante um encontro com os órgãos da administração da justiça em Moçambique, por ocasião do Dia da Legalidade, que hoje se assinalou.

Para Nyusi, os órgãos de justiça desempenham um papel fundamental nas ações para o esclarecimento dos casos de ataques a pontos recônditos na província de Cabo Delgado.

"Isto atenta contra o nosso povo e contra o desenvolvimento de Moçambique", realçou o chefe de Estado moçambicano.

Após quase um mês sem registo de violência nem confrontos naquela zona de Moçambique - dois mil quilómetros a norte da capital, Maputo, e junto à Tanzânia -, no domingo, um grupo armado saqueou e incendiou uma aldeia remota do distrito de Macomia, no norte de Moçambique, sem provocar vítimas, disse à Lusa fonte das autoridades locais.

A violência cresceu após um ataque à vila de Mocímboa da Praia, em outubro de 2017, por um grupo baseado numa mesquita local que pregava a insurgência contra o Estado e cujos hábitos motivavam atritos com os residentes, pelo menos, desde há dois anos.

O mesmo tipo de conflito e recrutamento, promovido com o apoio de muçulmanos estrangeiros, foi relatado noutras mesquitas da região no mesmo período.

Analistas ouvidos pela Lusa dividem-se quanto à justificação destes ataques, entre os que dizem haver ligações estrangeiras a crime organizado - rotas de tráfico de heroína, rubis, marfim e outros produtos que passam por Cabo Delgado -, terrorismo ou outras razões.

Entre outras causas apontam uma revolta popular face à pobreza, antigas disputas de território entre etnias ou ainda manipulação política, visando destabilizar Moçambique, numa altura em que petrolíferas investem em gás natural, em Cabo Delgado.

Os ataques, que já provocaram quase 100 mortos, têm ocorrido sempre longe do asfalto (com exceção do ataque inicial a Mocímboa da Praia) e fora da zona de implantação da fábrica e outras infraestruturas das empresas petrolíferas que vão explorar gás natural, na península de Afungi, distrito de Palma.

As autoridades moçambicanas e tanzanianas têm anunciado desde final de 2017 a detenção de suspeitos de ligação a esta onda de violência e está a decorrer em Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, um julgamento com 200 arguidos.


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