Human Rights Watch critica silêncio de países islâmicos sobre abusos a muçulmanos na China
A crítica desta organização não-governamental de defesa de direitos humanos surge depois de "nem um único Governo de um país membro da Organização da Cooperação Islâmica ter interpelado explicitamente a China pelos seus chocantes abusos dos muçulmanos, tornando mais fácil a Pequim dizer que as críticas são outra conspiração `ocidental`".
A HEW adiantou ainda que alguns destes governos colaboraram com a campanha chinesa, "repatriando, particularmente uigures, para a China, negando-lhes passagem para terceiros países, fornecendo informação sobre as suas identidades às autoridades chinesas".
A HTW considerou que "não é claro por que razão a defesa dos muçulmanos na China recai quase exclusivamente sobre os governos ocidentais", quando "o fim da crise exige um coro [de protestos] muito mais amplo".
Por fim, questionou: "Será que os países de maioria muçulmana se vão erguer?"
Segundo imagens recolhidas pela cadeia de televisão australiana ABC e o Instituto Australiano de Política Estratégica (ASPI), as autoridades chinesas têm vindo a expandir, na região do Xinjiang, uma rede de 28 campos onde se estima que mais de um milhão de uigures são forçados a criticar o islão e a própria cultura, a aprender mandarim e a jurar lealdade ao Partido Comunista Chinês (PCC).
A análise detalha que, desde o início de 2017, e sobretudo em pouco mais de meses, os campos registaram uma expansão total de mais de dois milhões de metros quadrados.
"O que estamos a ver aqui é uma violação dos direitos humanos numa escala nunca vista desde a repressão na Praça Tiananmen [contra o movimento pró-democracia, em 1989]", afirmou o analista cibernético e especialista em assuntos chineses da ASPI, Fergus Ryan.
Na região do Xinjiang vivem cerca de 11 milhões de uigures.
Em 2009, a capital do Xinjiang, Urumqi, foi palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, entre os uigures e a maioria han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional.
Nos últimos anos, as autoridades do Xinjiang transformaram a região num estado policial, através de uma campanha repressiva, que foi reforçada a partir de 2016, quando o secretário do PCC Chen Quanguo foi transferido para a região, após vários anos no Tibete.