Cabo Verde preocupado com fim do acordo sobre exportação de cereais
Nós vemos com muita preocupação porque é uma questão que tem impacto a nível global e, particularmente, nos países menos desenvolvidos, alguns países africanos que têm a importação direta da Rússia e também da Ucrânia,” afirmou Ulisses Correia e Silva, em declarações à Inforpress.
Para o chefe do Governo cabo-verdiano, o problema não se limita apenas à falta de cereais, mas também ao aumento dos preços que geralmente acompanha situações como essa.
“O problema não é só a quantidade de produtos que não chega, mas os preços que tendem a aumentar quando essas questões se verificam. É uma preocupação que é condenável e esperamos que a situação se normalize, porque os países não podem ficar prejudicados, ainda mais prejudicados”, pediu.
Assinado em julho de 2022 em Istambul e já renovado duas vezes, o acordo sobre os cereais expirou na segunda-feira à noite.
No último ano, permitiu que quase 33 milhões de toneladas de cereais, principalmente milho e trigo, deixassem os portos ucranianos, ajudando a estabilizar os preços mundiais dos alimentos e a evitar o risco de escassez, que se fazia sentir de forma particularmente grave em África.
Moscovo recusou-se a prolongar o acordo, queixando-se de que as suas próprias entregas de produtos agrícolas e fertilizantes foram prejudicadas e que não entregou tantos cereais aos países pobres como previsto.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou a decisão, sublinhando que "centenas de milhões de pessoas" estavam ameaçadas pela fome e iriam "pagar o preço".
Em África, os preços dos cereais subiram em flecha na sequência da queda das exportações causada pela guerra na Ucrânia, agravando os efeitos por vezes devastadores dos conflitos locais e das alterações climáticas, escreve ainda a AFP.
Em junho do ano passado, o primeiro-ministro cabo-verdiano declarou a situação de emergência social e económica no país devido aos impactos da guerra na Ucrânia, anunciando mais medidas, sobretudo para conter a subida dos preços na energia e alimentação, com um custo total superior a 80 milhões de euros. A Semana com Lusa.