Governo de Cabo Verde elimina barracas na Boa Vista e segue para o Sal

Numa nota de imprensa, o executivo cabo-verdiano referiu que, numa iniciativa em parceria com a Câmara Municipal da Boa Vista, foram demolidas as últimas 76 barracas no bairro de Farinação e 534 na BBE-Zona Sul.

Suportado financeiramente pelo Fundo Turismo, o programa teve quatro áreas de intervenção, incluindo a construção de 256 habitações, infraestruturação de cinco hectares de terrenos na zona de expansão e a criação de 131 lotes para fins habitacionais na segunda ilha mais turística do arquipélago.

“Além disso, foram realizadas melhorias na área consolidada zona Norte BBE, incluindo redes técnicas de abastecimento de água, energia e esgoto”, referiu o Governo de Cabo Verde.

A mesma fonte lembrou que processo de realojamento teve início em julho de 2021 e foi concluído recentemente, “dada a complexidade do processo e o aumento contínuo do número de famílias”.

“As 76 famílias do bairro de Farinação foram realojadas, assim como a maioria das famílias da zona sul-BBE, totalizando 485 famílias realojadas definitivamente”, contabilizou.

Segundo o Governo, o próximo passo é levar o programa de erradicação das barracas para a ilha do Sal, a mais turística do país, que juntamente com a Boa Vista contribuem cerca de 84% do número de turistas que chegam ao país.

O bairro da Barraca, também conhecido por Boa Esperança, a escassos metros do centro de Sal-Rei, principal localidade da Boavista, abrigava até 2019 entre nove e 10 mil pessoas, boa parte trabalhadores que faziam funcionar a máquina turística da ilha.

Em 31 de outubro de 2019, a ministra da Habitação cabo-verdiana, Eunice Silva, disse que o realojamento das mais de 600 famílias que vivem em barracas na ilha da Boavista iria começar em novembro, num processo que se prolongava durante todo ano de 2020.

A governante adiantou que boa parte dessas famílias que ocupam o bairro denominado de Barraca iria ser realojada em 270 habitações do programa habitacional “Casa para Todos”.

Em setembro de 2019, o Governo cabo-verdiano anunciou a construção de dois lotes de blocos habitacionais na ilha da Boavista, por 2,1 milhões de euros, para diminuir o défice habitacional "crítico" nesta ilha.

Cabo Verde possui um défice habitacional aproximado de 8,7%, em termos de agregados familiares, uma percentagem que equivale a 11.119 agregados familiares sem acesso a habitação.

Em agosto de 2021, primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, reconheceu os “problemas de fundo” nos bairros de barracas no país, com destaque para a Boa Vista, onde na altura chuvas desalojaram cerca de 250 famílias.

O chefe do Governo prometeu, na altura, uma “resposta estrutural” para resolver o problema: “Temos bairros com problemas, não é só na Boa Vista, mas um pouco por todo o Cabo Verde e há situações em que o Estado, e nós enquanto Governo, tem de intervir para apoiar lá onde é necessário”.

A Semana com Lusa

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