Empresa de água e energia do Sal realiza primeira emissão de obrigação verde em Cabo Verde

A sessão especial de apresentação dos resultados da Oferta Particular de Obrigações Verdes (‘Green Bonds’) por parte da APP vai ser realizada hoje pela Bolsa de Valores de Cabo Verde (BVC), na cidade da Praia.

Segundo fonte da BVC, trata-se de um empréstimo obrigacionista que foi destinado a investidores qualificados, no valor global de 500 milhões de escudos (4,5 milhões de euros), emitidos pela APP, na primeira emissão de uma obrigação verde em Cabo Verde.

A BCV avançou que a emissão teve como finalidade possibilitar o financiamento do projeto de desenvolvimento de uma central solar fotovoltaica de 5 megawatts (MW) em Salamansa, em São Vicente, neste que será o primeiro investimento do grupo APP nessa ilha.

O projeto, prosseguiu, enquadra-se no PEDS - Plano de Desenvolvimento Sustentável, e está em linha com o Plano Diretor Nacional do Setor Elétrico para o período 2018/2040, que estabelece como principal meta superar os 50% de produção de energia elétrica a partir de fontes de energia renováveis até 2030.

“A BVC, visando servir a economia real, vem oferecendo alternativas de financiamento e investimento, em condições favoráveis, a emitentes e investidores, através da intermediação financeira, conforme a sua missão”, frisou.

A Águas de Ponta Preta foi constituída em 2000 pelo grupo Cassa e Cabocan e está localizada em Santa Maria, tendo como missão fornecer serviços básicos de energia, água e saneamento na zona hoteleira com o mesmo nome, permitindo o desenvolvimento do turismo nesta área da ilha.

As suas atividades englobam todo o ciclo integral da água, desde a dessalinização, reutilização, purificação, distribuição e tratamento das águas residuais, produz e distribui energia elétrica, e seus principais clientes são hotéis e ‘resorts’ locais.

O grupo é ainda acionista em 80% da empresa Águas de Porto Novo (APN), na ilha de Santo Antão, sendo os restantes 20% divididos igualmente pelo Governo e pela autarquia local.

Segundo o relatório sobre a situação do Mercado de Valores Mobiliários e atuação da Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários (AGMVM), no ano passado a emissão de obrigações em Cabo Verde ascendeu a 48 milhões de euros.

Das oito emissões de obrigações empresariais ocorridas em 2022, a AGMVM indicou que três foram de títulos sustentáveis e uma de ’credit linked notes’ (crédito financeiro) e que todos os valores mobiliários foram emitidos na modalidade de oferta particular e três à cotação.

O presidente da BVC, Miguel Monteiro, previu anteriormente mais do que duplicar até 2025 o total de empresas cotadas, para uma dezena, alargando às pequenas e médias empresas.

Atualmente, o valor mínimo para uma empresa ser cotada na bolsa de Cabo Verde é de 100 milhões de escudos (cerca de 900 mil euros), mas o presidente da BVC já admitiu que essa exigência poderá cair para 20 a 30 milhões de escudos (180 a 270 mil euros).

A Bolsa de Valores de Cabo Verde foi criada em maio de 1998 e conta, atualmente, com quatro empresas cotadas, mas quer ver esse interesse alargado às pequenas e médias empresas, chegando às 10 cotadas até 2025.
A Semana com Lusa

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