Banco de Cabo Verde aponta “evolução menos favorável” da economia no segundo trimestre

De acordo com o boletim de indicadores económicos e financeiros divulgado pelo Banco de Cabo Verde (BVC), no segundo trimestre de 2023 registou-se ainda uma queda das importações de bens de consumo não duradouros, bem como redução do investimento.

“O impacto adverso da alta inflação sobre os rendimentos reais dos agentes privados e, consequentemente, sobre as suas decisões de consumo e investimento continuam a condicionar a evolução da procura interna”, concluiu o regulador cabo-verdiano.

A procura interna cresceu 2,6%, em termos homólogos, devido essencialmente ao aumento do consumo privado em 12,9% (não obstante uma moderação face a 16,5% no trimestre anterior).

Por outro lado, os indicadores apontam para um desempenho positivo da procura externa líquida, associado ao aumento da procura turística, ainda que mais moderado, prosseguiu o BCV, recordando que a economia cresceu 6,7% no primeiro trimestre, o que já tinha sido um abrandamento face aos 9,5% registados no último trimestre de 2022.

Quanto à oferta, registou-se um abrandamento da atividade económica, justificado com a redução no valor acrescentado bruto na construção e desacelerações no valor acrescentado bruto no comércio e reparação, transportes e armazenagem, alojamento e restauração, bem como nos impostos líquidos de subsídios.

Segundo o Banco de Cabo Verde, nota que as pressões inflacionistas continuaram a diminuir (inflação homóloga de 2,6% em julho), traduzindo o perfil descendente dos preços dos produtos alimentares e energéticos no mercado internacional e a fraca procura.

Os dados apontam ainda para uma “evolução menos favorável” das contas externas, com o stock das reservas internacionais líquidas a aumentar ligeiramente em junho cerca de 5 milhões de euros, fixando-se nos 625,8 milhões de euros.

Esse valor, prossegue o regulador cabo-verdiano, permitiu garantir 5,4 meses das importações de bens e serviços estimadas para o ano de 2023, o que se compara com seis meses das importações no período homólogo de 2022.

No mesmo período, o saldo da balança de capital de Cabo Verde reduziu-se 42,3%, fixando-se nos 395,5 milhões de escudos (3,5 milhões de euros), devido à queda nas transferências de capital, tanto oficiais, como privadas.

Em junho, a massa monetária cresceu 1,4%, determinado essencialmente pelo aumento do crédito interno líquido em 2,4%, segundo a mesma fonte, que fez uma análise até maio das contas públicas e concluiu que continuaram a melhorar, tendo o défice reduzido para os 435,3 milhões de escudos (3,9 milhões de euros).
A Semana com Lusa

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