Lei marcial na Ucrânia. Putin pede pressão de Merkel sobre Kiev
Segue em crescendo a tensão entre Moscovo e Kiev, depois de a Rússia ter apresado, no domingo, três navios militares ucranianos no Mar Negro. Este é o primeiro conflito aberto entre estes protagonistas desde a anexação da península ucraniana da Crimeia, comandada em 2014 a partir do Kremlin, e a guerra entre tropas ucranianas e separatistas pró-Rússia no leste da antiga república soviética.
Na noite de segunda-feira, o Parlamento ucraniano aprovou a instauração
da lei marcial, por 30 dias, nas regiões de fronteira. O Presidente
Petro Porochenko surgiu nos ecrãs de televisão para justificar a medida
com o que descreveu como “ameaça extremamente elevada” de uma investida
militar russa por terra.
“Assim que um soldado russo atravessar a nossa fronteira, não perderei
um segundo para proteger o nosso país”, clamou o Presidente ucraniano,
na antecâmara da votação parlamentar.
Moscovo argumenta ter agido “em estrita conformidade com o Direito
Internacional”, alegando que os navios ucranianos entraram de forma
ilegal em águas territoriais da Rússia ao largo da Crimeia, o que teria
constituído uma “provocação”. Acusa mesmo Kiev de ter gerado, assim, “um
pretexto para o reforço das sanções” impostas há quatro anos à Rússia.
Vladimir Putin veio entretanto fazer uma advertência às autoridades
ucranianas. E em contacto telefónico com a chanceler alemã, na última
noite, o Presidente russo manifestou “séria preocupação” face à
instauração da lei marcial no país vizinho.
Segundo uma nota do Kremlin, citada pelas agências internacionais, Putin
insistiu na tese das “ações de provocação” por parte dos ucranianos e
de “uma grosseira violação das normas do Direito Internacional”. Afirmou
ainda “esperar que Berlim possa influenciar as autoridades ucranianas
de forma a dissuadir atos ulteriores irrefletidos”.
O ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Heiko Mass, havia já
sugerido que Alemanha e França partilhassem um esforço de mediação entre
ucranianos e russos.
“Não gostamos”
Também na segunda-feira, durante uma reunião de emergência do Conselho
de Segurança das Nações Unidas, a embaixadora cessante dos Estados
Unidos Nikki Haley classificou como “ilegal” a atuação russa, algo que
“torna impossível” uma “relação normal” entre o Kremlin e a Casa Branca.