Praia de Portete é refúgio certo para pescadores de Lomba Tantum apesar de fracas condições de abrigo

A praia de Portete fica após a localidade de Fajã d´Água, mas também possui acesso vicinal a partir das localidades de Palhal e Lomba, e é nesta praia que os pescadores da localidade de Lomba Tantum vão se refugiar durante os meses de Agosto e Setembro, uma “tradição” antiga.

A Inforpress foi até esta praia meio escondida, pois além da praia da Cadjetinha, na localidade de Furna, a praia de Portete também possui um pouco de areia, mas só que é mais distante e o acesso é um pouco complicado via vicinal, ou então a outra opção é feita via marítima.

Esta praia, durante os meses de Agosto e Setembro, é o refúgio dos pescadores e dos botes de pesca da localidade de Lomba Tantum, pois conforme contou um dos pescadores indigitado pelo grupo para ser o porta-voz, Roberto Lopes, nestes dois meses do ano o porto de Tantum sofre com o vento sul e o mar fica embravecido, o que dificulta a saída dos pescadores ao mar, mas também pode causar danos nos botes, tendo em conta que este porto possui muitas pedras.

Daí, enfatizou, nesta época os pescadores da zona são “obrigados” a deixar suas famílias e o conforto das suas casas em Lomba para residirem nas rochas e nesta praia, uma forma de garantir o sustento da família e preservar as suas embarcações.

“Neste período é aqui que vivemos para podermos esconder e proteger do mar revolto, pois caso contrário vamos ficar prejudicados, porque as embarcações são custosas e nem conseguimos sair ao mar para a faina”, sublinhou este pescador.

Questionado sobre o dia-a-dia e as dificuldades que enfrentam durante estes dois meses, Lopes descreveu esta vivência como “difícil, mas necessária”, pois trata-se de um local que não possui moradias, nem luz, nem água, nem nada que possa assemelhar-se a uma casa com pessoas ali residindo mesmo que temporário, a não ser pedaços de colchões, lençóis e outros pertences espalhados pelas grutas existentes nas rochas,.

Relatou que além de estarem longe das famílias e da zona de conforto, têm de dormir nas rochas, quando há chuva, e nos dias em que a temperatura se apresenta normal dormem na praia.

Para se alimentarem, acrescentou que têm de trazer tudo de casa, desde água a outros mantimentos, uma vez que nesta zona não há luz, nem água e muito menos rede móvel ou de internet, sendo necessário subir num monte para tentar contactar os familiares quando necessário.

O peixe que capturam durante a faina ou os mantimentos são entregues pelos familiares nos portos de Tantum ou Fajã d´Água, dependendo das condições do mar nestes portos, ou então no porto da Furna.

Diante destas dificuldades e tendo em conta que já é uma prática recorrente, Roberto Lopes defende que caso houvessem algumas moradias, mesmo que seja em número reduzido, mas que permitissem aos pescadores se refugiarem em segurança, seria “uma mais-valia”.

Instigado se não sentem “medo ou receio”, este porta-voz disse que a vida dos homens do mar é sempre complicada e que estas lidas fazem parte do dia-a-dia do pescador e de qualquer chefe de família que tem de lutar para o respectivo sustento, e que, na zona, o acampamento em Portete nesta época é como se fosse um legado passado de geração em geração.

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