Cabo Verde e São Tomé assinam acordo para formação superior e profissional de são-tomenses

“Este acordo destina-se essencialmente a permitir a estudantes de São Tomé e Príncipe, que já têm alguma experiência em Cabo Verde, continuem a visitar-nos e a ter bolsas de estudos e alojamento em residências universitárias para fazerem a formação universitária que São Tomé decidir”, explicou o ministro dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano, Rui Figueiredo.

O documento rubricado no Palácio do Governo são-tomense surge na sequência de vários acordos gerais de cooperação assinados entre dos países no âmbito da reunião da comissão mista realizada em março do ano passado em Cabo Verde.

Até então as bolsas atribuídas por Cabo Verde aos são-tomenses eram essencialmente para a formação profissional e em números não especificados.

Com esta assinatura Cabo Verde passará a acolher anualmente 100 estudantes são-tomenses para a formação em ensino superior e 50 para a formação profissional, que deverá integrar numa parceria tripartida, incluindo o Luxemburgo.

“Agora estamos a pôr um contingente maior de bolsas para os jovens são-tomenses e estamos a dar um novo enquadramento para que estas atividades que já vinham acontecendo possam agora ter um novo formato, por exemplo relativamente às residências universitárias e também a formação na Universidade Técnica do Atlântico”, sublinhou o chefe da diplomacia cabo-verdiana.

O ministro dos Negócios Estrangeiros são-tomense, Gareth Guadalupe, disse que o acordo também se enquadra no âmbito do acordo de mobilidade na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), tendo em conta que “à semelhança de Cabo Verde” São Tomé e Príncipe tem vindo a registar vários jovens “a emigrarem à procura de melhores oportunidades”.

Por outro lado, Gareth Guadalupe explicou que o acordo vai ajudar na concretização do lema “Juventude e Sustentabilidade” que São Tomé e Príncipe vai desenvolver durante a presidência da CPLP nos próximos dois anos.

“Naturalmente os jovens são livres de emigrarem, mas nós queremos garantir, e com essa parceria que temos com Cabo Verde, que alguns podem ir, mas os que ficam que tenham essa qualificação e mesmo aqueles que vão, se forem lá melhores qualificados estarão em melhores condições de competir e ter melhores condições de vida nos países que eles escolhem para emigrar”, explicou o ministro são-tomense.

Momentos antes da assinatura do documento os primeiros-ministros de São Tomé e Príncipe e Cabo Verde, que testemunharam a assinatura, reuniram-se em privado.

Após a assinatura dos acordos, o chefe do Governo cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, disse que o momento serviu para reforçar a cooperação, definir o quadro de concertação e diálogo político nas organizações onde estão presentes, nomeadamente, nas Nações Unidas, na CPLP, e ainda no “diálogo privilegiado” com a União Europeia, “porque os países ditos pequenos são maiores quando trabalharem em conjunto”.

“São Tomé é mais do que um país com o qual nós temos relações quando comparamos com o resto do mundo, temos relações muito especiais”, sublinhou Ulisses Correia e Silva.

A comissão mista entre os dois Estados vai-se realizar no início do próximo ano, para reforçar as áreas de cooperação bilateral, nomeadamente na agricultura, economia digital, transformação digital, economia azul.

“Cabo Verde é um país irmão, nós todos [são-tomenses] temos alguma coisa de Cabo Verde em nós, por conseguinte as condições de relacionamento são ótimas. Cabo Verde tem feito alguns avanços em alguns domínios, nomeadamente da formação profissional, tem uma diplomacia muito ativa, e Cabo Verde, no que diz respeito ao turismo, indústria e a economia do mar, tem muito a partilhar connosco”, disse o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada.
A Semana com Lusa

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