Um planeta em estado crítico tomba sobre a mesa da COP24 na Polónia
Teve início este domingo, em Katowice, a 24ª Conferência da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas. Três anos depois do Acordo de Paris, as economias mais poderosas tardam em inverter o rumo de políticas energéticas e industriais que potenciam o aquecimento da Terra. As discussões na Polónia foram precedidas de um claro sinal: a América saiu este fim de semana da cimeira do G20, em Buenos Aires, sem querer ouvir falar das metas de 2015. Em vésperas da COP24, voltou a acender-se a luz amarela da ciência. O quadro aponta agora para o erro das previsões de há duas décadas e para consequências de maior gravidade das alterações climáticas: fogos florestais, secas, chuvas, tempestades e a aceleração da subida dos níveis dos oceanos compõem o cenário de um planeta em que “a humanidade parece caminhar a passos largos para o suicídio coletivo”.
As palavras são de João Branco, o presidente da associação ambientalista Quercus, que em entrevista à edição deste domingo do Bom Dia Portugal fez uma antevisão do que pode ou não resultar da conferência de Katowice.
“Os países têm deixado sinais claros de que querem diminuir as emissões
de gases com efeito de estufa, mas depois, na prática, não está a
acontecer. Isso é que é um grande problema”, apontou o responsável.
João Branco enumerou “três dados que são preocupantes”: “Um é que as
previsões da subida da temperatura foram revistas em alta e já se fala
em subidas de três a cinco graus até ao final do século; a outra é que
para o ano a humanidade vai queimar mais de 100 milhões de barris de
petróleo por dia, portanto está a continuar a haver um aumento do
consumo de petróleo; por fim, vemos que as pessoas também não querem
saber das alterações climáticas para nada e isso viu-se nas revoltas que
estão a acontecer em França, que no fundo são já guerras climáticas”.