Migrações. Conferência para adotar pacto global começa hoje em Marrocos
O chefe de governo português junta-se assim, entre outros representantes
presentes na cidade marroquina, à chanceler alemã, Angela Merkel, e ao
presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, países que também deram
um apoio explícito ao Pacto Global para uma Migração Segura, Ordenada e
Regular (GCM, na sigla em inglês), documento promovido e negociado sob
os auspícios das Nações Unidas (ONU).
Dois terços dos 193 países-membros da ONU vão estar a partir de hoje, e
até terça-feira, em Marraquexe, mas o encontro também será marcado por
ausências e pela controvérsia que este documento, o primeiro do género,
gerou nos últimos meses e nas últimas semanas.
Mesmo não tendo uma natureza vinculativa, o pacto está a dividir
opiniões e expôs a divisão no seio da União Europeia (UE) em torno do
fenómeno das migrações, com cerca de um quarto dos Estados-membros do
bloco comunitário a recusarem subscrever o documento.
Áustria, Hungria, Bulgária, Polónia, República Checa, Eslováquia e
Letónia decidiram ficar de fora do documento, juntando-se assim à
rejeição de países como os Estados Unidos, Israel, Austrália e República
Dominicana.
Entre as críticas apontadas, os países temem que o pacto leve a uma entrada descontrolada de imigrantes.
O pacto, fruto de 18 meses de consultas e negociações entre os
Estados-membros da ONU, tem como base um conjunto de princípios, como
por exemplo a defesa dos direitos humanos, dos diretos das crianças
migrantes ou o reconhecimento da soberania nacional.
O texto também enumera 23 objetivos e medidas concretas para ajudar os
países a lidarem com as migrações, nomeadamente ao nível das fronteiras,
da informação e da integração, e para promover “uma migração segura,
regular e ordenada”.
A ONU classifica este documento como uma “conquista histórica” e,
perante as críticas levantadas, tem realçado que o pacto deve ser
encarado como uma declaração de intenções não vinculativa, “não vai
impor nada a ninguém mas oferece soluções".
A organização liderada pelo secretário-geral, António Guterres, também
tem frisado que o documento não pretende encorajar a migração, nem visa
impedi-la.
O número de migrantes no mundo está atualmente estimado em 258 milhões, o que representa 3,4% da população mundial.