Rússia vai estabelecer base militar na ilha venezuelana de La Orchila
"A medida parece ser uma resposta à decisão dos Estados Unidos de se retirarem do Tratado das Forças Nucleares de Nível Intermédio (INF) e como medida de dissuasão perante as contínuas ameaças de Washington contra do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro", indicou o portal Aporrea.
O mesmo portal, que cita a agência de notícias estatal russa TASS, indicou que "as autoridades russas tomaram a decisão (e o Presidente venezuelano Nicolás Maduro não se opôs) de levar aviões estratégicos a uma das ilhas da Venezuela, no mar das Caraíbas, que tem uma base naval e um campo de aviação militar".
"Em 2009, peritos e comandos das Forças Armadas russas já tinham visitado a ilha de La Orchila. Após a visita, o então Presidente Hugo Chávez (1999-2013) pôs La Orchila à disposição do antigo Presidente russo Dimitri Medvedev, cada vez que a aviação russa necessite fazer uma paragem na Venezuela para cumprir planos estratégicos", explicou.
Segundo o Aporrea, a recente visita de dois bombardeiros nucleares russos, de longo alcance, Tu.160, um avião de transporte An-124 e um avião de longo alcance IL-62, integrou essa iniciativa.
"As leis venezuelanas proíbem o estabelecimento de bases militares estrangeiras no país, pelo que se desconhece como a presença russa seria justificada do ponto de vista jurídico", precisou o portal, considerado uma fonte de informação das forças políticas de esquerda da Venezuela.
Por outro lado, o Aporrea indicou que, de acordo com o coronel Chamil Gareyev, perito militar do jornal russo Novaya Gozeta, "a ideia é incluir a Venezuela em missões de aviação de longo alcance", o que trará "benefícios económicos para as operações russas na Américas", disse o militar.
"Os nossos bombardeiros estratégicos não só não terão que regressar à Rússia, no final de cada missão, como também não necessitarão de reabastecimento aéreo de combustível, nas missões de patrulha nas Américas. Os nossos aviões Tu-160 chegam à sua base na Venezuela, realizam os voos, executam missões e depois são substituídos de maneira rotativa", disse.
Segundo o Aporrea, um outro perito militar russo considerou que a chegada dos bombardeiros russos na Venezuela é um sinal para que o Presidente norte-americano, Donald Trump, se dê conta de que abandonar os tratados de desarmamento nuclear pode ter um efeito `boomerang`.
Em entrevista ao diário russo Kommersant, Emil Dabagyan, investigador do Instituto de Estudos Latino-Americanos russo, disse que Moscovo está "claramente a ajudar o Governo venezuelano a manter-se à superfície".
"Uma vez que a Rússia beneficia da exploração petrolífera, queremos que o regime venezuelano se mantenha de pé", destacou.