PR e antecessores apontam redução de custos de participação política e educação como principais desafios
Num encontro inédito, realizado na noite de quarta-feira, 08, na cidade da Praia, no âmbito do “Presid Talk- Inovação Política em Cabo Verde”, o então e os antigos chefes de Estado mantiveram um diálogo “profícuo e enriquecedor” com os presentes.
No entanto, para José Maria Neves, há necessidade de “viver mais” a democracia e de aprender a dialogar a discutir a partir das diferenças para que o debate político seja “cada vez mais elevado”, contribuindo para encontrar “melhores soluções” para o futuro de Cabo Verde.
“Acho que temos conseguido algumas inovações políticas, mas o meu maior sonho neste momento é poder elevar o nível do debate político no País, despartidarizar e reduzir os custos de participação política”, revelou José Maria Neves, em declarações à imprensa.
Para que haja uma evolução neste particular, o Presidente da República considerou ser fundamental reforçar a confiança mútua entre os actores políticos e reconhecer as diferenças, destacando a importância de todos os partidos políticos para um Estado de direito democrático.
Entretanto, respondendo à plateia, o José Maria Neves considerou ser difícil reduzir este custo de participação, vincando que todas as sondagens mostram que, na participação política, Cabo Verde está “muito aquém e perde em relação a transparência, a boa governança, às liberdades fundamentais”.
Este elevado custo de participação, ajuntou, tem reflexos no desempenho da administração pública e global do Estado, da educação, da saúde e em vários outros sectores, tendo defendido, por isso, uma “autêntica revolução”.
Por outro lado, José Maria Neves estabeleceu que a maior inovação passa também pela criação de canais para uma participação mais efectiva da diáspora, na certeza de que se aproveitar melhor todas as potencialidades e talentos desta haverá ganhos no crescimento e da competitividade da economia do País, como já se sente nas áreas do desporto e da cultura.
Quanto à coabitação, um dos temas levantados pela plateia, avançou que se está a inovar todos os dias nesta matéria, ressalvando que funciona, sim, em Cabo Verde.
“ É um sistema de Governo com muita plasticidade, as fronteira são muito ténues, há que aprender todos os dias e isso é enriquecedor para o processo político cabo-verdiano (…)”, declarou ao mostrar as virtualidades do sistema mas, sobretudo, fazer com que todos os actores políticos percebam as “potencialidades e as possibilidades” de uma melhor cooperação institucional.
“Eu diria uma colaboração estratégica entre os órgão de soberania entre o Estado e a sociedade civil para podermos acelerar o passo e conseguirmos realizar os nossos sonhos”, concretizou o chefe da nação cabo-verdiana.
Por seu lado, Pedro Pires questionou se este “encontro histórico” entre o actual e os antigos chefes de Estado não constitui uma inovação política, tendo sublinhado ainda tratar-se de “um exemplo” de coabitação no país.
“A nossa presença aqui é uma mensagem de que podemos coabitar e trabalhar juntos por Cabo Verde”, afirmou.
Pedro Pires mostrou estar ciente de que o “factor fundamental” de acompanhar e de promover mudanças é a educação, a capacitação da sociedade civil, enfatizando que se trata de um meio de encontrar soluções para desafios que o arquipélago enfrenta.
Por seu lado, Jorge Carlos Fonseca, que ressalvou que a coabitação exige “conhecimento, paciência e por vezes estômago, sentido de Estado e espírito de cooperação”, indicou como primeiro desafio “o aprofundamento e o aprimoramento” da democracia e do Estado do direito constitucional em Cabo Verde.
“Somos um pequeno espaço, a democracia, o Estado de direito, devem continuar sendo referência de Cabo Verde como ponto de partida para um desenvolvimento deve ser mais forte, mais justo mais igual pro futuro e temos condições para isso”, acrescentou.
Apontou igualmente a qualificação do sistema educativo como “um dos grandes desafios” que ainda persistem em Cabo Verde, ressalvando que Cabo Verde só consegue ser competitivo com quadros “bem preparados” e com “um sistema educativo de ponta”.
A Semana com Inforpress