Candidaturas de escritos de Cabral e de documentos sobre escravatura entregues na UNESCO

“As candidaturas já foram submetidas à UNESCO desde a semana passada”, avançou o presidente do Comité Cabo-verdiano Memória do Mundo, José Silva Évora, quando o prazo termina hoje, junto da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

Enquanto na candidatura dos escritos de Amílcar Cabral o proponente é a fundação com o mesmo nome do líder histórico das independências da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, a dos documentos sobre escravatura foi proposta pelo Arquivo Nacional de Cabo Verde (ANCV).

A candidatura dessa documentação protegida inclui 12 livros destes e 72 folhas de documentos avulsos relativos à constituição e atividade da Comissão Mista Luso-Britânica para a abolição da escravatura, estabelecida em 1842 na ilha da Boavista, para travar o tráfico.

José Silva Évora disse à Lusa que os processos são recebidos pelo Comité Nacional, criado em 2020 para o efeito e que funciona como uma espécie de “intermediário”, para os reencaminhar à Comissão Nacional da UNESCO, presidida pelo ministro da Cultura, a “única” instituição no país que tem acesso à plataforma para submeter as propostas.

“Agora o caminho é daqui a dois anos para sabermos os resultados”, traçou a mesma fonte, lembrando que são documentos que, uma vez classificados, pertencerão à humanidade.

Por isso, entende que é uma forma de “projeção” de Cabo Verde relativamente ao que se produziu no passado, cujas candidaturas estão “muito bem fundamentadas”.

“Cada uma com a sua natureza, cada um diz respeito a sua cronologia, mas todas são propostas interessantes e consistentes”, insistiu o dirigente.

Na semana passada, registou-se uma polémica entre a Fundação Amílcar Cabral e o ministro da Cultura de Cabo Verde, Abraão Vicente, que acusou a instituição de procurar protagonismo ao anunciar a entrega da candidatura, mas esta rejeitou essa consideração, esperando um desfecho favorável do processo.

O presidente do Comité Cabo-verdiano Memória do Mundo disse que não há motivos para polémica no caso da candidatura dos escritos de Cabral, reafirmando que estas só são submetidas à UNESCO através das comissões nacionais, onde elas existem.

Além da candidatura dos escritos de Cabral ao programa Memória do Mundo, a fundação está a trabalhar nas comemorações do centenário do nascimento do seu patrono, cujo ponto alto vai ser em 12 de setembro de 2024.

O líder dos movimentos independentistas cabo-verdianos e guineenses nasceu a 12 de setembro de 1924 na Guiné-Bissau e foi assassinado a 20 de janeiro de 1973, em Conacri. A Semana com Lusa

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