20 de Janeiro: Presidente da ACOLP pede que próximas gerações assumam e divulguem o legado de Amílcar Cabral e denuncia casos de combatentes em situação de pobreza
O presidente da Associação dos Combatentes da Liberdade da Pátria fez estas considerações em declarações à imprensa no âmbito da cerimónia de deposição de coroa de flores no Memorial Amílcar Cabral, realizada este domingo na Cidade da Praia, visando assinalar o 20 de Janeiro, data definida como o Dia dos Heróis Nacionais e do aniversário da morte de Amílcar Cabral.
Para Carlos Reis citado pela Inforpress, a data deve servir de reflexão e valorização da história da luta da independência de Cabo Verde, um sonho que, na sua opinião, foi concretizado por Amílcar Cabral e as figuras da sua geração que acreditaram na ideia de um Cabo Verde melhor.
“A minha mensagem é para se acarinhar, valorizar Amílcar Cabral e outra figuras que fizeram parte dessas ilhas, concretizando o sonho que poderá não ser de séculos, mas sim de décadas, fazendo pátria essas ilhas e acho que é algo para ser valorizado devidamente e não subvalorizado ou secundarizado”, declarou, defendendo neste sentido a necessidade de transmissão de valores e educação voltada para o amor com vista a contribuir para a construção de um Cabo Verde que sirva de orgulho para todos.
Entretanto, sublinhou que actualmente vive-se numa sociedade livre em que cada um é livre para manifestar a sua opinião, mas que, sustentou, é preciso decidir se se quer ter um país independente, ou um país com interesses e valores próprios imateriais que devem representar o futuro desta nação.
Desafios da ACOLP e situação dos Combatentes
No dia que se assinala mais um aniversário de passamento de Amílcar Cabral e Dia dos Heróis Nacionais, o presidente da ACOLP disse que a associação enfrenta várias dificuldades, tendo destacado entre elas, a assistência medicamentosa e problemas relacionados com a habitação como principais problemas enfrentados pelos combatentes que lutaram pela independência nacional.
“Neste momento os desafios são muitos, são desafios que decorrem da nossa condição de cidadãos de terceira idade, saúde fragilizada, despesas com os medicamentos e temos combatentes a viverem nas casas que não possuem casas de banho e em condições de pobreza e isso dói um pouco”, lamentou, ressaltando que Cabo Verde ainda é para muitos um projecto que toma forma e para outros é ainda uma miragem, miragem essa que a ACOLP quer ver reduzida.
Frisou, por outro lado, que a ACOLP não está a pedir mais conforto aos combatentes, mas sim que sejam criadas as condições que garantam a dignidade para a sobrevivência das pessoas que acreditaram nesse projecto chamado Cabo Verde.
Carlos Reis realçou ainda a não eficácia da legislação, que conforme lembrou, estipula que o tratamento médico seja gratuito, mas tem condicionado para que as demandas a nível da saúde dos associados da ACOLP sejam atendidas.
“A vontade é de as pessoas aplicarem aquilo que está na lei. Há quem diga que devemos recorrer aos tribunais, mas pensamos que antes de irmos aos tribunais temos a obrigação de apelar ao bom senso e a consciência das pessoas e não queremos fazer disso uma briga judicial”, lançou.
Segundo ainda a Inforpress, no âmbito das comemorações do Dia dos heróis Nacionais, o presidente da ACOLP participou de uma conversa aberta promovida pelo Partido Africado da Independência de Cabo Verde (PAICV) na Biblioteca Nacional, na Cidade da Praia.
Amílcar Cabral nasceu a 12 de Setembro de 1924 em Bafatá, Guiné Bissau, filho de pais cabo-verdianos, Juvenal Cabral e Iva Pinhel Évora. Cabral foi poeta, agrónomo, e “pai” da independência conjunta de Cabo Verde a 5 Julho de 1975 e Guiné-Bissau oficialmente a 10 Setembro de 1974.
A 20 de janeiro de 1973, o fundador do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, atual Partido Africano da Independência de Cabo Verde — PAICV) Amílcar Cabral, foi assassinado na Guiné-Conacri.