Pobreza na Praia: Residentes preocupados com aumento de pessoas que vivem de alimentos extraídos de contentores de lixo


A situação mais dramática acontece na lixeira municipal. Mas esta prática tem sido registada um pouco por todos os bairros da Capital do País e em todos os contentores que ficam junto às residências de pessoas de classe média ou próximos dos bares e restaurantes de grande movimentação, sobretudo nos de Palmarejo, Terra Branca, Várzea da Companhia e Achada de Santo António, segundo informações avançadas por alguns transeuntes e moradores locais.


“Tem sido recorrente e diariamente deparamos com crianças e jovens que, aparentemente, mostram-se famintos e desamparados, a vasculharem os contentores à procura de algo para se alimentarem, nomeadamente, restos de carne, peixe, arroz e frutas estragadas para saciarem a fome”, revela a este diário digital, Francisco Andrade, um morador do bairro de Palmarejo.


Miguel Alves, que é funcionário público e residente junto à Padaria “Pão Quente” em Palmarejo, é outro que diz conhecer o cenário e que acontece um pouco por todos os bairros da Capital cabo-verdiana. “Para já, acho que é desespero, falta de emprego e de meios de sobrevivência que obriguem a que as crianças, adolescentes e jovens a revolverem os lixos para se alimentarem”, explica, frisando que se tem notado um número crescente de pessoas à procura de comida ao anoitecer, em contentores de lixo que ficam junto de supermercados, bares e restaurantes, quando há menos circulação de pessoas e não são tão visíveis, particularmente, nas zonas da Várzea, Terra Branca e Palmarejo.


Opinião idêntica tem a moradora Marlene, aposentada que vive no bairro da Fazenda. Esta garante, a este diário digital, que todos os dias espreita dezenas de pessoas, principalmente as crianças de rua e adolescentes à procura de alimentos no lixo. “Não é preciso estar atento para vê-los retirando sacos dos contentores até encontrar peças de fruta, pedaços de ossos, restos de arroz e batatas ou enlatados fora de prazo para se alimentarem. Até dizem que quem tem fome tem de comer, nem que seja do lixo”, observa, acrescentando que esta situação é típica e frequente para os sem-abrigo porque sentem que não há alternativas e,”por isso”, preferem pedir esmolas, recorrer aos restaurantes ou aos contentores de lixo para “enganar o estômago”.


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