Conselho Directivo acusado de contribuir para degradação da situação laboral

O relacionamento entre os trabalhadores e a direcção do INE está cada vez mais azedo. Os colaboradores dessa instituição pública reivindicam por mais e melhor justiça laboral, reconhecimento e valorização profissional. Acusam o presidente João de Pina Cardoso e o vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, de fazerem “orelhas moucas” às suas “legítimas” reivindicações. Recordam, por outro lado, que o INE vem perdendo protagonismo e credibilidade junto dos seus pares. 

A situação laboral no INE tende a degradar-se por causa daquilo que os trabalhadores consideram ser de uma “certa” intransigência da direcção dessa instituição no sentido de resolver as pendências, em termos de justiça laboral, que aguardam há mais de dois anos por uma decisão. 

Numa exposição sobre a situação funcional e o clima laboral no INE, endereçada ao vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, 28 colaboradores dessa instituição, que subscreveram esse documento, afirmam: “hoje o INE não tem o mesmo protagonismo que lhe era reconhecido, muito por causa da incapacidade e uma flagrante falta de visão da gestão do topo para projectar a instituição para outros patamares ou, pelo menos, manter a boa imagem e reputação  que ela gozava junto dos seus pares”. 

E continuam: “No passado, o INE era muito solicitado para prestar assistência técnica a algumas congéneres e acolher missões e visitas de estudos, troca de experiências, tinha uma participação activa em vários fóruns internacionais e era uma referência, em vários domínios, no seio dos PALOP e da nossa sub-região”, recordam sublinhando que, actualmente, “pouco ou nada disso acontece”. 

Os 28 subscritores da exposição endereçada a Olavo Correia duvidam se existe vontade “genuína” do actual Conselho Directivo do INE em alterar o status quo. “Muito pelo contrário! Estamos perante uma gestão sem norte”, que, estando a meio do mandato, “até então não consegui demonstrar ao que veio”.   

Esses colaboradores do INE fazem questão de frisar que o Sistema Estatístico Nacional dispõe de uma nova Estratégia Nacional de Desenvolvimento da Estatística para o período 2022-2026, que foi elaborada pela “prata da casa”, ao contrário dos outros que contaram com consultoria externa. 

Contudo, sendo o INE o principal órgão produtor estatístico do referido Sistema, logo responsável pela maioria das actividades previstas, “denota-se uma falta de liderança do Conselho Directivo no processo de implementação deste importante documento de planeamento de médio prazo”, porquanto, “simplesmente não o apropriou”. A mesma fonte considera que, desta forma, “os resultados esperados, seguramente, ficarão aquém”.   

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