Boa Vista: Futebol, um lugar onde as mulheres da ilha “querem estar”

 O futebol da ilha da Boa Vista tem tido uma crescente participação feminina, com mulheres a assumirem papéis de liderança na presidência, cargos directivos, de delegação e a deixarem a sua marca em diversos clubes locais.

Por ocasião da celebração do 27 de Março, Dia da Mulher Cabo-verdiana, traz à tona as motivações, os desafios e as aspirações destas figuras inspiradoras que estão a redefinir o panorama do desporto na ilha e concordam que “lugar da mulher é onde ela quiser estar”.

Wilza Vieira, presidente da equipa do Sal Rei, diz que o futebol está no seu sangue desde criança, e admitiu que a presidência da equipa não é “tarefa fácil”, por ser o clube mais antigo da ilha e com muitos títulos, mas afirma que um dos seus objectivos, até hoje, é conseguir um troféu de campeão.

Como mulher do desporto e do futebol aconselha a nunca deixar a sociedade interferir no que se quer fazer, ser forte nas decisões e não esquecer que “o lugar da mulher é onde ela quiser estar”.

Leidiana Brito, do Africa Show, iniciou na escola de futebol Nova Geração, compartilhou que o amor pelo clube, que faz parte da história da sua família, a fez aceitar o convite para fazer parte da direcção e afirmou que o sucesso será ver o clube conseguir o título de campeão regional.

“A minha paixão pelo desporto, precisamente pelo África Show, não tem preço, é um amor que sinto na alma”, declarou.

Na equipa Juventude, Iva Rosário, direcção, conta que a entrada no clube resultou da influência do actual director desportivo e vice-presidente, a sua principal motivação é devolver um pouco daquilo que a sua comunidade tem dado e inspirar outras mulheres a estarem nessa área.

“O maior desafio da mulher no futebol da Boa Vista é fazer com que os homens a vejam simplesmente como mais um membro da equipa, capaz de estar em qualquer cargo sem estigmas nem preconceitos, mas ainda há um trabalho a fazer neste sentido”, afirmou.

Para Ilizete dos Santos, do Onze Estrelas, que iniciou a sua trajectória como atleta, hoje actua como delegada de jogo, diz sentir-se realizada e encorajou outras mulheres a não sentirem medo de exercer cargos desportivos, reforçando que “as mulheres têm capacidades”.

“Quando gostamos do futebol dentro do campo ou fora, exercendo outras funções, vamos sentir-nos realizadas”, afirmou.

A história de Soraia de Pina, do Sporting, mostra como o apoio ao seu filho a colocou entre as “quatro linhas”, e como uma mulher de “desafios”, uma das suas aspirações é chegar a ser presidente do clube.

A mesma acredita que o preconceito, a falta de incentivo, o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal são os maiores desafios da mulher no futebol. A sua mensagem é de coragem e luta contra a desigualdade de género no desporto.

Luciete Lima, presidente da equipa Desportivo, partilhou a sua ligação com o desporto desde pequena e destacou a leveza e o aprendizado que a área proporciona pelo contacto com as pessoas.

A mesma considera que é muito difícil estar no futebol na Boa Vista e um desafio que traz muita pressão e a “obriga” a desafiar a sua própria pessoa e acreditar que nada é impossível, dando assim o seu contributo à modalidade que considera ser uma das melhores formas de encarar a vida.

Cada uma à sua maneira, as mulheres no futebol da Boa Vista reconhecem e superam os desafios ao mesmo tempo que encorajam a participação feminina para quebrar barreiras e inspirar futuras gerações.

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