Boa Vista: Vereador de Saneamento diz que a ilha tem dez lixeiras informais e é preciso 36 mil contos para removê-las
Estes são alguns dados avançados pelo director de Saneamento da Câmara Municipal da Boa Vista, Domingos Lobo, que falava no painel sobre a transformação de resíduos de um passivo ambiental em um activo económico, numa das conferências realizadas pela Ordem dos Engenheiros de Cabo Verde, na ilha.
Para o director “a lixeira municipal está geograficamente mal localizada”, neste caso em Povoação Velha, onde segundo conta, “existia uma lixeira antiga, que não se fez a transferência dos resíduos para a lixeira municipal”.
O que analisa, “trás um conjunto de factores ambientais, como a contaminação do solo, do ar, e da água, e que a população daquela zona sofre diariamente com estas poluições”.
Entre outras existe ainda as lixeiras de João Galego, na zona industrial, que se localiza dentro da cidade, a de Fátima, e ainda o ilhéu de Sal Rei, que como disse tem uma zona que está em vias de transformar-se numa lixeira.
Entretanto Domingos Lobo garantiu “existir um plano estratégico, de cerca de 36 mil contos para remover todas as dez lixeiras informais existentes na ilha”, em parceria com o Ministério do Ambiente e Agricultura. O director apresentou também dados sobre a produção de lixo na ilha, que considera “muito preocupante”.
Segundo avançou, cada habitante produz cerca de 0,87 gramas de lixo por dia, e cada turista 1,2 quilos/dia. O que perfaz a total de produção de cerca de 31 toneladas de lixo por dia na ilha, num volume de 402 m3 dia.
Adiantou ainda que se prevê para este ano, 11.137 toneladas de produção de resíduos sólidos sem contabilizar os escombros das obras. Com uma política de reciclagem, que se estima uma produção de recicláveis, em que se prevê em 2020, calculando uma redução de produção de lixo para 7.340 toneladas.
Ainda no mesmo ano, segundo diz se esta política for colocada em prática, o volume da redução da quantidade de resíduos produzidos vai diminuir de 82 mil m3 de resíduos para 44 mil m3.
A fraca e inexistência de fiscalização ambiental, o que “permite o despejo do lixo em qualquer sítio”, recolha e transporte deficitário, que “traz gastos em termos de combustível e aumenta o volume dos resíduos”, a escassez de materiais foram outros problemas apresentados como entrave para se fazer a recolha de lixo e manter a ilha limpa.
Enumerou-se ainda o fraco conhecimento da rotina das populações, e dos recursos que podem ser reutilizados ou reciclados, a invasão de animais e pessoas aos resíduos sólidos expostos.
Para o director, “isto constitui o fracasso da recolha de lixo feita porta a porta, que leva a difícil sensibilização das pessoas para separar o lixo através de numa política de recolha diferenciada”.
A estes problemas, ajuntou outras fraquezas. “Não há nenhuma unidade de tratamento de resíduos sólidos, nem de compostagem, de incineração, e nem um aterro sanitário”, proferiu.
Entretanto a mesma fonte comunicou que já está em curso o projecto que vai transformar a lixeira municipal em aterro controlado, financiado pelo fundo do ambiente. “A obra da lixeira municipal já está em curso. Dentro de pouco tempo vamos ter o aterro controlado”, disse.
Avançou ainda que há estudos dum plano para construir em 2021 um aterro sanitário, com localização definida, será construída numa área de dez hectares, dividida em duas, uma de cinco hectares, para receber lixo de acordo com a estimativa de toneladas de lixo produzido até 2036 que é de 310.000 m3, e outra metade para a logística, para fazer compostagem e outras actividades.
O director de Saneamento da Câmara Municipal de Boa Vista concluiu a conferência com a comunicação de que quanto à questão de transformar os resíduos de passivo ambiental em activo económico, pensa-se fazê-lo através de reciclagem, mas também os escombros que servem através da construção civil. A Semana com Inforpress