Irão afasta-se de acordo nuclear e ameaça com enriquecimento de urânio

Num discurso transmitido pela televisão iraniana, Hassan Rouhani fez um ultimato. Os restantes signatários do acordo nuclear de 2015 – Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia – têm 60 dias para cumprir com a promessa de proteger os setores petrolífero e bancário do Irão.

Caso contrário, o país irá retomar a produção de urânio enriquecido, que permite gerar energia elétrica e pode ser utilizado na produção de armas nucleares.

“Se os cinco países se sentarem à mesa das negociações e alcançarmos um acordo e se conseguirem proteger os nossos interesses, voltaremos à fase inicial [do acordo] e continuaremos com os nossos compromissos”, sublinhou Rouhani.

O Presidente frisou, no entanto, que não pretende abandonar por completo o acordo nuclear, mas sim suspender algumas medidas que nele se inserem. “O povo iraniano e o mundo devem saber que este não é o fim do acordo. Este é apenas um novo passo dentro da estrutura desse acordo”.


Sob o acordo, o país do Médio Oriente estava autorizado a armazenar quantidades limitadas de urânio enriquecido e de água pesada e a exportar os excessos.


Essa exportação tem-se tornado, porém, cada vez mais difícil, especialmente desde o mês passado, quando os EUA decidiram não renovar as isenções para a compra de petróleo por parte de oito países, incluindo a China, Rússia e Turquia, alguns dos principais importadores.

Desde então, o Irão passou a ignorar os limites de armazenamento aos quais estava sujeito.

“A República Islâmica do Irão declara que, neste momento, não se vê obrigada a respeitar os limites de reserva de urânio enriquecido e água pesada”, informou o Conselho Supremo de Segurança Nacional do país.

"Um ano de paciência"

As declarações da Presidência iraniana chegam depois de, no domingo, John Bolton ter anunciado que a Administração Trump destacou um porta-aviões e bombardeiros para o Médio Oriente de modo a “passar uma mensagem” ao Irão e impedir eventuais ataques por parte do país contra as forças norte-americanas na região.

O conselheiro para a Segurança Nacional dos Estados Unidos declarou que a Casa Branca está a agir “em resposta a uma série de indicações e avisos preocupantes”.


A tentativa dos EUA de isolar economicamente o Irão começou no ano passado, quando Donald Trump se retirou unilateralmente do acordo nuclear que possuía com o país desde 2015.

O ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, afirmou esta quarta-feira no Twitter que, “depois de um ano de paciência, o Irão vai parar as medidas que os EUA têm tornado impossível continuar”.

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