Espionagem. WhatsApp pede a utilizadores para atualizarem aplicação
Este spyware, programa que permite monitorizar a atividade de
outros utilizadores e espiá-los, terá sido desenvolvido pela empresa
israelita de tecnologia NSO Group, de acordo com o diário britânico Financial Times.
A tecnologia permite que os atacantes que realizem uma chamada – quer
o utilizador que a recebe atenda ou não – consigam transmitir para esse
dispositivo o software malicioso. O registo das chamadas recebidas é muitas vezes apagado posteriormente, para que não haja rasto da identidade do hacker. O WhatsApp declarou que a vulnerabilidade foi descoberta este mês e que a empresa se apressou a tentar resolver o problema. Na segunda-feira foi disponibilizada uma atualização da app e a empresa tem aconselhado os utilizadores a descarregá-la por precaução. O Departamento de Justiça norte-americano foi alertado para a situação
pela empresa, que publicou ainda um aviso dirigido a especialistas em
cibersegurança de modo a alertá-los para “vulnerabilidades e
exposições”.
“O ataque tem todas as características de uma suposta empresa privada que trabalha com os governos para distribuir spyware com a intenção de tomar controlo das funções dos sistemas operativos dos telemóveis”, declarou o WhatsApp em comunicado.
“Informámos várias organizações dos direitos humanos para que estas
possam divulgar a informação e para que possamos trabalhar com elas de
modo a notificar a sociedade civil”.
NSO nega envolvimento
Segundo o Financial Times, esta vulnerabilidade levou à tentativa
de ciberataque ao telemóvel de um advogado britânico no domingo.
Advogado esse que está envolvido num processo de tribunal levantado por
jornalistas contra a israelita NSO Group.
A NSO Group já se defendeu, assegurando que se encontra a investigar os ataques ao WhatsApp e que não está envolvida nos mesmos.
“Em nenhuma circunstância a NSO estaria envolvida na identificação de
alvos a nível pessoal, pois a sua tecnologia é exclusivamente operada
por agências de inteligência e forças policiais”, garantiu.
“A NSO não utilizaria, nem poderia utilizar, a sua tecnologia para
próprio benefício ao atacar uma pessoa ou organização, incluindo esse
indivíduo”, acrescentou, referindo-se ao advogado britânico.
O spyware Pegasus, desenvolvido pela NSO, tem a capacidade de, uma vez instalado num telemóvel, extrair
todos os dados presentes no mesmo: mensagens de texto, contactos,
localização, e-mails, histórico de pesquisa, entre outros. Consegue ainda utilizar de forma autónoma a câmara e o microfone do dispositivo.